Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Netanyahu diz que não haverá cessar-fogo até que Hamas seja destruído

Declaração é feita depois de o presidente dos EUA manifestar apoio à proposta de acordo permanente na Faixa de Gaza

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Jerusalém | Reuters

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou neste sábado (1º) que não se comprometeria com um cessar-fogo permanente antes da destruição das "capacidades militares e governamentais" do Hamas. A declaração ocorreu um dia depois de o presidente dos EUA, Joe Biden, declarar apoio a um acordo de três fases proposto pelos israelenses.

Palestinos são vistos fugindo em uma rua; atrás deles há uma coluna de fumaça
Palestinos fogem de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, enquanto nuvem de fumaça se ergue na área de Tel al-Sultan - Eyad Baba - 30.mai.24/AFP

"As condições de Israel para acabar com a guerra não mudaram: a destruição das capacidades militares e governamentais do Hamas, a libertação de todos os reféns e a garantia de que Gaza não represente mais uma ameaça para Israel", disse Netanyahu.

"Israel vai insistir que essas condições sejam cumpridas antes que um cessar-fogo permanente seja estabelecido. A ideia de que Israel vai concordar com um acordo permanente antes de essas condições serem atendidas é inaceitável", acrescentou.

O Hamas, por sua vez, havia dito nesta sexta-feira (31) que estava pronto para participar de forma "positiva e construtiva", mas um dos altos membros do grupo, Mahmoud Mardawi, disse em uma entrevista à televisão do Qatar que ainda não havia recebido os detalhes da proposta.

"Nenhum acordo pode ser alcançado antes que a demanda pela retirada do Exército de ocupação e um cessar-fogo sejam cumpridos", disse.

As negociações de paz estão estagnadas há meses, com Israel exigindo a libertação de todos os reféns e a destruição do Hamas, enquanto a organização terrorista exige um cessar-fogo permanente, a retirada das forças israelenses e a libertação de prisioneiros palestinos.

Na sequência, o líder da oposição de Israel se manifestou no sábado pedindo que Netanyahu atendesse ao apelo feito por Biden, comprometendo-se com um acordo para libertar reféns. Yair Lapid também ofereceu apoio caso membros de extrema-direita deixassem a coalizão necessária para que o governo se mantenha no poder.

"O governo de Israel não pode ignorar o discurso do presidente Biden. Há um acordo na mesa e ele deve ser realizado", disse Lapid em um post no X, antigo Twitter.

"Eu lembro Netanyahu que ele tem uma rede de segurança para realizar um acordo de libertação de reféns se [Itamar] Ben-Gvir e [Bezalel] Smotrich deixarem o governo."

Nesta sexta (31), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou em um discurso que apoiaria uma nova proposta de cessar-fogo no conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza apresentada por Tel Aviv.

A oferta envolve a interrupção dos ataques em troca da libertação dos reféns ainda em poder do Hamas.

A proposta de trégua consiste de três fases. Na primeira, haveria um cessar-fogo completo por seis semanas, Israel retiraria todas as tropas das áreas habitadas da Faixa de Gaza, e reféns sequestrados pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro seriam libertados em troca da soltura de centenas de prisioneiros palestinos. Ao mesmo tempo, passaria a haver um fluxo de 600 caminhões de ajuda humanitária entrando em Gaza por dia, de acordo com Biden.

Na segunda fase, o Hamas e Israel negociariam um fim permanente para a guerra, e o cessar-fogo continuaria em vigor durante essas negociações. Esse ponto contraria aquele que tem sido o principal mantra de Netanyahu e da cúpula do gabinete de guerra israelense desde o início do conflito —de que a guerra só terminaria com a destruição completa do Hamas e com a erradicação de seu controle político e militar sobre a Faixa de Gaza.

Horas depois do discurso de Biden, o gabinete de Netanyahu já havia dito em uma publicação no X que a proposta "permite que Israel prossiga com a guerra até que todos seus objetivos sejam atingidos, incluindo a destruição das capacidades governamentais e militares do Hamas", em uma aparente contradição dos termos divulgados pelo presidente americano.

A terceira fase consistiria de um plano de reconstrução do território palestino. A proposta já foi entregue ao Hamas pelo Qatar, disse a Casa Branca. Em comunicado, a facção afirmou que vê o plano de forma positiva.

Até aqui, negociações entre as partes em guerra mediadas pelo Egito, Qatar e EUA não prosperaram, com exceção de um cessar-fogo de uma semana entre novembro e dezembro de 2023. Tanto Israel quanto o Hamas acusam um ao outro de intransigência e de exigências implausíveis.

Uma reunião entre autoridades dos EUA, Egito e Israel está programada para acontecer neste domingo (2) no Cairo, capital do Egito, para discutir a reabertura da passagem de Rafah em Gaza, segundo a Al Qahera TV, rede ligada ao este país no Oriente Médio.

O Egito insiste que Israel retire suas forças da passagem, depois de o país ter assumido o controle da passagem do lado de Gaza em maio. Os dois países culpam-se mutuamente pelo bloqueio da passagem fronteiriça de Rafah, crucial para a entrada de ajuda humanitária em Gaza e fechada desde que o Exército israelense assumiu o controle do lado palestino.

As forças israelenses voltaram a atacar neste sábado Rafah com tanques e artilharia. Israel realiza uma ofensiva à cidade de no sul da Faixa de Gaza, a despeito de críticas internacionais sobre a invasão. Na semana passada, a CIJ (Corte Internacional de Justiça) determinou que o país cesse suas ofensivas militares na região.

De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 1 milhão de pessoas já deixaram a cidade, para onde a grande maioria da população da Faixa de Gaza havia fugido desde o início do conflito. O deslocamento agrava a crise humanitária no território, onde a maior parte da população convive com a insegurança alimentar.

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