Israel ataca campo de deslocados em Khan Yunis visando a alto comandante do Hamas

Netanyahu diz que não está claro se Deif foi morto; ofensiva deixou dezenas de óbitos, segundo autoridades de Gaza

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São Paulo

Um ataque aéreo de Israel a um campo de deslocados em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, neste sábado (13) deixou dezenas de pessoas mortas e outras centenas feridas, disseram autoridades locais, ligadas ao grupo terrorista Hamas.

Segundo o Exército de Tel Aviv, o bombardeio visava a atingir Mohammed Deif, comandante militar de alto escalão do Hamas. As forças israelenses afirmaram que Deif estava se escondendo em um prédio em Al-Mawasi, faixa de terra costeira a oeste de Khan Yunis, perto do mar Mediterrâneo, designada como zona uma humanitária por Israel.

A imagem mostra duas mulheres em luto, uma delas ajoelhada e visivelmente emocionada, cercadas por outras pessoas. No chão, à frente delas, há vários corpos cobertos por lençóis brancos.
Mulheres palestinas lamentam a morte de crianças após ataque de Israel a Khan Yunis neste sábado (13) - Eyad Baba/AFP

Deif foi um dos mentores do mega-ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro que desencadeou a guerra em Gaza. Ele já sobreviveu a sete tentativas de assassinato israelenses, a mais recente em 2021, e lidera a lista de mais procurados de Tel Aviv há décadas.

Também é o líder das Brigadas Al-Qassam, a ala militar do Hamas, e é o segundo membro mais graduado do grupo terrorista em Gaza depois do chefe da fação, Yahya Sinwar.

Dois oficiais israelenses disseram ao New York Times que Deif foi alvejado enquanto estava na superfície, após deixar a rede de túneis do grupo que se estende sob o território. O jornal americano, que conversou ao todo com os oficiais em condição de anonimato, disse que todos afirmaram que o líder estava com Rafah Salameh, o principal comandante do Hamas em Khan Yunis, no momento do ataque.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que ainda não está claro se Deif e seu vice foram mortos, mas voltou a prometer que continuaria a perseguir os objetivos de guerra de Israel, isto é, exterminar o Hamas, até o fim.

"De um jeito ou de outro, chegaremos a toda a liderança do Hamas", disse ele em uma entrevista coletiva televisionada, acrescentando que as chances de um acordo para devolver reféns israelenses aumentariam se a pressão sobre o Hamas aumentasse.

O Hamas emitiu um comunicado dizendo que as "alegações de Israel sobre o direcionamento de líderes são falsas" e que elas buscariam apenas "para encobrir a escala do massacre" em uma área "com mais de 80 mil pessoas deslocadas."

Um representante do Hamas ainda disse à TV Al Jazeera que Deif não foi morto no ataque.

A imagem mostra uma foto de identificação de um homem com cabelo curto e barba rala. Ele está olhando diretamente para a câmera com uma expressão neutra. O fundo da imagem é claro e uniforme.
Mohammed Deif, braço militar do Hamas, é acusado por Israel de ser um dos mentores do ataque de 7 de outubro de 2023 - France Presse- AFP

"Ainda há muitos corpos de mártires [como o Hamas se refere aos mortos] espalhados pelas ruas, sob os escombros e ao redor das tendas dos deslocados aos quais não se pode acessar devido aos intensos bombardeios da ocupação", disse Mahmud Bassal, porta-voz da Defesa Civil de Gaza.

O Crescente Vermelho afirmou que suas equipes atenderam 102 pessoas feridas e recolheram 23 corpos. Desse total, 70 feridos e 21 corpos foram transferidos para o Hospital de Campanha Al-Quds e 22 para o Hospital Al-Amal, em Khan Yunis.

No geral, no entanto, as vítimas foram levadas para vários hospitais da região. No de Rafah, no extremo sul de Gaza, o diretor Suhaib al Hams indicou que a maioria das vítimas tinha ferimentos graves, incluindo amputações. Ele descreveu a situação como "verdadeiro desastre que ocorre em pleno colapso do sistema de saúde" em um comunicado.

Questionado pela AFP, o Exército israelense respondeu que estava examinando essas informações.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, estava realizando consultas especiais, disse seu escritório, diante das "ocorrências em Gaza".

O Hamas afirmou que o ataque mostrou que Israel não estava interessado em chegar a um acordo de cessar-fogo.

Imagens da agência de notícias Reuters deste sábado mostraram ambulâncias correndo em direção à área em meio a nuvens de fumaça e poeira. Pessoas deslocadas, incluindo mulheres e crianças, estavam fugindo em pânico, algumas segurando pertences nas mãos.

Testemunhas disseram que o ataque foi uma surpresa, pois a área estava calma, acrescentando que mais de um míssil foi disparado. Alguns dos feridos, que estavam sendo retirados da cena, eram trabalhadores de resgate.

"Todos se foram, toda a minha família. Não sobrou ninguém", disse uma mulher que não revelou o próprio nome. "Nossas crianças estão em pedaços."

Subindo nas fileiras do Hamas ao longo de 30 anos, atribui-se a Deif o desenvolvimento da rede de túneis do grupo e sua expertise na fabricação de bombas. Ele acusado pela morte de dezenas de israelenses em atentados suicidas.

Com Reuters, The New York Times e AFP

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