Descrição de chapéu oriente médio

Ataque de Israel a escola na Faixa de Gaza deixa dezenas de mortos

Tel Aviv afirma que local, que segundo Hamas abrigava deslocados, funcionava como centro de comando terrorista

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São Paulo e Brasília | AFP

Um bombardeio a uma escola na Cidade de Gaza neste sábado (10) deixou quase cem mortos, disseram autoridades da Faixa de Gaza, controlada pelo grupo terrorista Hamas.

Segundo o porta-voz da Defesa Civil do território palestino, Mahmoud Bassal, o ataque matou ao menos 93 pessoas, incluindo 11 crianças e 6 mulheres. "Há restos mortais não identificados", disse ele em uma entrevista coletiva televisionada.

Homem idoso sentado em meio a destroços de escola bombardeada na Cidade de Gaza - Omar Al-Qatta/AFP

Como muitas outras sedes de instituições de Gaza, o complexo de al-Tabi'een vinha sendo usado como abrigo para deslocados pelo conflito, e acolhia cerca de 350 famílias no momento do ataque.

O Exército israelense afirmou que o local era usado como centro de comando do Hamas. Também pôs em xeque o número de mortes divulgado pelos palestinos, acrescentando que entre os mortos havia 19 terroristas —o Hamas chama todos os mortos de "mártires", e não diferencia combatentes de civis.

Se confirmada, a cifra de óbitos faria deste ataque, o quarto a mirar escolas de Gaza em uma semana, um dos mais letais desde o início da guerra Israel-Hamas, em 7 de outubro passado.

Um vídeo filmado no local após o ataque mostra corpos cobertos por mantas espalhados pelo chão enquanto outros são carregados para fora. Entre os destroços, é possível avistar latas de comida vazias boiando em uma poça de sangue, colchões queimados e uma boneca.

As autoridades de Gaza descreveram a ação como um "massacre horrível". "As equipes estão tentando controlar o fogo para retirar os corpos dos mortos e salvar os feridos", disseram no Telegram na madrugada de sábado.

Na quinta-feira (8), ataques contra outras duas escolas em Gaza já tinham deixado ao menos 18 mortos, segundo autoridades palestinas.

Antes, no domingo (4), bombardeios a dois colégios na Cidade de Gaza mataram pelo menos 30 pessoas. No dia anterior, sábado (3), outra ofensiva de Israel matou 15 pessoas em uma instituição de ensino no bairro de Sheikh Radwan.

O Exército isralense afirmou que todas as instalações serviam como centros de comando do grupo terrorista, que nega as acusações.

O bombardeio deste sábado foi condenado por diversos países, incluindo o Egito e o Qatar, que atuam como mediadores nas negociações para um cessar-fogo entre Israel e o Hamas. O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, afirmou estar horrorizado com as imagens da escola destruída, enquanto o chanceler britânico, David Lammy, se disse consternado com o ataque.

Os Estados Unidos, maiores aliados externos de Israel, por sua vez, declararam estar "profundamente preocupados" com o número de mortes de civis provocadas pelo incidente.

Em nota, a Casa Branca disse ter ciência de que o Hamas usa escolas como centros de operação, mas destacou que tem "afirmado repetidas vezes [...] que Israel deve tomar medidas para minimizar o dano a civis".

Washington tem enfrentado cada vez mais críticas por seu apoio militar a Tel Aviv. O bombardeio deste sábado ocorre um dia depois de um porta-voz da diplomacia americana dizer que os EUA forneceriam US$ 3,5 bilhões (cerca de R$ 19 bilhões, na conversão atual) para Israel gastar em armas e equipamentos militares americanos, após o Congresso ter aprovado os fundos em abril.

Enquanto isso, as mortes do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, e de um comandante do movimento islâmico libanês Hezbollah em Beirute aumentaram os temores de uma guerra generalizada no Oriente Médio .

Israel só assumiu a autoria do segundo desses ataques, mas o Hamas e o Irã também o acusam pela morte de Haniyeh e prometem vingança.

Confrontados com a perspectiva de uma explosão regional, o Egito, o Qatar e os EUA havia exigido nesta quinta que ambas as partes voltassem a negociar um cessar-fogo e a libertação das pessoas que o Hamas tomou como reféns em sua mega-incursão de outubro.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, acusado de querer prolongar a guerra para obter ganhos políticos, concordou em participar dessas novas conversas na data. No entanto, seu Exército lançou na sexta uma nova ofensiva terrestre a Khan Yunis, cidade no sul da Faixa de Gaza de onde as suas tropas haviam se retirado em abril após meses de combate.

Os habitantes da zona leste da cidade, que haviam recebido ordens de esvaziá-la no dia anterior, quinta, fugiram a pé, montados em burros, em carros e em motocicletas pelas ruas devastadas. "Fomos deslocados 15 vezes. Basta. Somos civis e não somos responsáveis por esta situação", disse Mohamed Abdeen à agência de notícias AFP.

De acordo com estimativas do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), "pelo menos 60 mil palestinos podem ter se deslocado para o oeste de Khan Yunis nas últimas 72 horas".

Com Reuters

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