Descrição de chapéu imigrantes

Barco da polícia da Espanha passa por cima de migrantes

Caso ocorreu próximo do território de Melilla, uma das principais rotas migratórias da África para território europeu

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Uma embarcação da Guarda Civil da Espanha passou por cima de uma lancha que transportava migrantes durante uma perseguição próxima ao território espanhol de Melilla. Segundo autoridades mencionadas pelo jornal El Periódico, ninguém ficou ferido na ação, que viralizou nas redes e vem motivando críticas.

As imagens mostram que migrantes caíram no mar depois de serem atingidos pelo barco da Guarda Civil. De acordo com a polícia, quatro pessoas tentavam entrar de forma irregular no território espanhol, localizado no norte da África. Elas foram detidas e entregues a autoridades do Marrocos, de onde teriam partido. O caso ocorreu no domingo (25).

Organizações que atuam com migrantes criticaram a manobra. A Associação Marroquina de Direitos Humanos descreveu a ação como violenta e perigosa. Também pediu ao governo espanhol que investigasse a atuação dos agentes de patrulha, ainda segundo o El Periódico.

O caso também motiva debates sobre o aumento da chegada de migrantes em situação irregular à Espanha. O país é uma das principais portas de entrada da imigração na Europa e registra números cada vez maiores. No ano passado, 56.852 pessoas entraram em território espanhol de forma irregular, quase o dobro do que em 2022, segundo o Ministério do Interior.

Em uma tentativa de conter a crise, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, faz um giro nesta semana por países da África Ocidental, onde se reúne com autoridades para discutir medidas que possam arrefecer o fluxo migratório. Nesta quarta-feira (28), o premiê assinou uma série de acordos na Gâmbia que, segundo o líder espanhol, vão reforçar o combate ao tráfico de pessoas na região.

Barco da Guarda Civil da Espanha passa por cima de embarcação com migrantes
Barco da Guarda Civil da Espanha passa por cima de embarcação com migrantes - Reprodução

Na véspera, o premiê assinou acordos semelhantes na Mauritânia —o país, segundo autoridades, tornou-se o principal ponto de saída para migrantes que tentam chegar à Espanha de forma irregular.

Segundo a agência europeia de guarda das fronteiras, a Frontex, o fluxo migratório na África Ocidental aumentou 154% este ano. Mais de 22,3 mil migrantes chegaram de forma irregular às Ilhas Canárias, também território da Espanha, até o último dia 15 —no mesmo período do ano passado foram 9.864.

A rota migratória atlântica é particularmente perigosa devido às fortes correntes, mas também devido aos barcos geralmente sobrecarregados e incapazes de passar muito tempo em alto mar.

Mais de 5.000 migrantes morreram ao tentar chegar à Espanha pelo mar nos cinco primeiros meses do ano —o equivalente a 33 mortes por dia, segundo dados pela ONG espanhola Caminando Fronteras. É um salto em comparação a média de 2023, quando houve 18 mortes por dia. A entidade disse em nota que essa é a maior média diária de mortes desde o início da série histórica, em 2007.

No Vaticano, o papa Francisco chamou de "pecado grave", nesta quarta, as tentativas de "repelir os migrantes". Ele pediu solidariedade às pessoas que morreram no mar ou que foram "abandonados no deserto".

"Tem-se que dizer isso claramente: há quem trabalhe sistematicamente de todas as formas para repelir os migrantes. E isso, quando é feito conscientemente e com responsabilidade, é um pecado grave", disse o pontífice em sua audiência geral no Vaticano. "Alguns desertos também, infelizmente, tornam-se cemitérios de migrantes. Muitas vezes, essas mortes não são naturais. Não. Às vezes, os levam ao deserto e os deixam ali."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.