Pelo menos 300 migrantes desapareceram ao tentar chegar à Espanha, diz ONG

Três barcos sumiram em trajeto pela costa da África; embarcações vinham do Senegal, que passa por instabilidade

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São Paulo

Ao menos 300 pessoas que viajavam em três barcos de imigrantes do Senegal para as ilhas Canárias, território espanhol no noroeste da África, desapareceram, disse a ONG Walking Borders neste domingo (9).

Duas das embarcações —uma com cerca de 65 pessoas e outra com entre 50 e 60— estão desaparecidas há 15 dias, desde que deixaram o país africano, disse à agência de notícias Reuters Helena Maleno, fundadora da ONG. Um terceiro barco partiu em 27 de junho com cerca de 200 pessoas a bordo.

As famílias não tiveram notícias desde o dia da partida, de acordo com Maleno.

Migrantes em um cais ao sul de Tenerife após operação de resgate - Desiree Martin - 4.jul.23/AFP

Todos os três barcos partiram de Kafountine, no sul do Senegal —a vila fica a cerca de 1.700 quilômetros de Tenerife, uma das ilhas que formam as Canárias. "As famílias estão muito preocupadas. Há cerca de 300 pessoas da mesma área do Senegal. Eles partiram devido à instabilidade no país", disse Maleno.

As Canárias viraram o principal destino de imigrantes que tentam chegar à Espanha —um número menor tenta cruzar o Mar Mediterrâneo até o país. O verão é o período com mais tentativas de travessias.

A rota de migração atlântica, uma das mais mortais do mundo, é normalmente usada por migrantes da África subsaariana. Pelo menos 559 pessoas —incluindo 22 crianças— morreram em 2022 em tentativas de chegar às ilhas Canárias, segundo dados da ONU. Em junho, o Senegal registrou alguns de seus piores tumultos dos últimos anos após o líder opositor Ousmane Sonko ser condenado a dois anos de prisão.

O político, que ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2019, foi absolvido da acusação de estuprar uma mulher de 21 anos, mas a corte o condenou por outro delito descrito no Código Penal como comportamento imoral contra menores de 21 anos —a mulher tinha 20 anos à época do suposto crime.

A decisão, que ele considera uma conspiração política, o deixa fora das eleições de fevereiro de 2024.

Durante as manifestações, as autoridades mobilizaram as Forças Armadas na capital, Dacar, para conter os distúrbios que duraram dois dias e deixaram pelo menos 16 pessoas mortas e 500 presas.

No dia 3, porém, o país viveu uma sensação de alívio após o atual presidente, Macky Sall, dizer que não concorrerá a um terceiro mandato, o que seria inconstitucional. A decisão foi celebrada pela comunidade internacional e por críticos do líder. "Sinto orgulho, porque a democracia senegalesa deu um passo. As perspectivas são boas", afirmou, na terça (4), Hassame Drabo, gerente de empresas em Dacar.

Sall foi eleito pela primeira vez em 2012 para um mandato de sete anos e reeleito em 2019, para mais cinco anos. Seu segundo período no poder foi particularmente turbulento para um país em geral visto como uma das democracias mais fortes da África.

Com Reuters e AFP

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