Descrição de chapéu Eleições na Venezuela

María Corina descarta novas eleições ou divisão de poder com chavismo na Venezuela

Líder opositora diz que propor novo pleito, como sugere Brasil, é 'uma falta de respeito com os venezuelanos'

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Buenos Aires

Realizar uma nova eleição ou construir algum modelo de compartilhamento de poder com o chavismo não é uma opção para a coalizão opositora diante da crise na Venezuela, afirmou a líder do grupo, María Corina Machado, na tarde desta quinta-feira (15).

Em entrevista coletiva, a ex-deputada liberal, que levou milhares às ruas na campanha política que antecedeu o pleito, disse que propor novas eleições é "uma falta de respeito com os venezuelanos".

"Se eles [o regime] não gostam dos resultados fazemos o que? Vamos a uma terceira [eleição]? Uma quarta? Uma quinta? Até que [o ditador Nicolás] Maduro goste dos resultados? Vocês aceitariam isso nos seus países? Que com os resultados, se não são satisfatórios, se repitam a novas eleições? Tivemos eleições com regras de uma tirania."

A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, durante manifestação em Caracas
A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, durante manifestação em Caracas - Federico Parra - 3.ago.24/AFP

Foi uma contundente resposta às várias perguntas da imprensa regional sobre as ideias que têm sido ventiladas pelo governo Lula 3 e, posteriormente, pela Colômbia de Gustavo Petro.

María Corina também rechaçou a ideia de uma coalizão. "Há que se ter muito cuidado. Em outros exemplos de coalizão havia diferenças políticas entre grupos em conflito, mas esses mesmos grupos eram democráticos", afirmou. "Não é o caso aqui. Oferecemos incentivos, mas em uma transição de poder democrática."

Impedida de concorrer nas urnas e substituída por Edmundo González, ela afirma que "não há volta". "Estamos decididos a manter a pressão. Manter a nossa força interna com inteligência. Pela primeira vez em 25 anos [de chavismo] e mais de 30 eleições, temos as provas de nossa vitória", seguiu, referindo-se às atas eleitorais que tem divulgado.

Ela pede que se negocie uma transição ordenada para que González assuma o Palácio de Miraflores. "Não é um esquema de power sharing [compartilhamento de poder] em que Maduro oferece algumas vagas e segue ali. Mas estamos dispostos a oferecer garantias, salvaguardas e incentivos no processo de negociação."

Após a entrevista coletiva, María Corina levou para seu perfil oficial no X o exato trecho da conversa em que responde às propostas ventiladas pelo governo Lula. Junto ao trecho do vídeo, escreveu: "Nós, venezuelanos, votamos e ganhamos. A soberania se respeita."

Ela também voltou a fazer um chamado aos atos opositores pelo mundo marcados para o próximo sábado (17). Há manifestações marcadas em diversas cidades do Brasil e em outras regiões, como Buenos Aires (Argentina) e Santiago (Chile) que reúnem grandes grupos da diáspora venezuelana e muitos apoiadores da oposição.

Mas o teste de fogo real será o volume de pessoas que a oposição conseguirá levar às ruas na própria Venezuela. A onda de repressão ativada pelo regime de Nicolás Maduro após a contestação do resultado oficial da eleição fez com que muitos temessem sair às ruas.

Ainda nesta quinta-feira, o presidente Lula (PT) voltou a ventilar novas eleições ou então uma coalizão local como possibilidades de saída na Venezuela. Depois, o presidente colombiano, Gustavo Petro, citou o acordo que encerrou a ditadura em seu país como sugestão para um modelo de compartilhamento de poder na Venezuela.

Os dois líderes que restaram nos diálogos internacionais após o México de Andrés Manuel López Obrador e Claudia Sheinbaum abandonar o barco têm se mostrado na mesma linha de propostas.

Petro, que tem na vizinha Venezuela uma bomba-relógio para o seu próprio país, propõe como fórmula para a crise quatro pilares: fim das sanções; anistia nacional e internacional aos líderes; governo de coabitação transitório e "novas eleições livres".

São propostas nada benquistas não apenas pela oposição simbolizada por María Corina Machado mas também pelo próprio chavismo.

O número 2 do regime venezuelano, Diosdado Cabello, afirmou que se trata de "uma estupidez" a ideia ventilada pelo assessor de Lula, Celso Amorim, para uma nova eleição.

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