Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Ministro de Israel arrisca crise ao convocar judeus a rezaram em área restrita em Jerusalém

Convite desmentido por Netanyahu se dá em momento de possível regionalização da guerra em Gaza

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Jerusalém | Reuters

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, voltou a defender que os judeus possam rezar na Esplanada das Mesquitas, local na Cidade Velha de Jerusalém sagrado para ambos o islamismo e o judaísmo, ao visitá-lo nesta terça-feira (13).

A imagem mostra um grupo de homens em pé, alguns deles falando, em frente à Cúpula da Rocha, um famoso local religioso em Jerusalém. O homem à esquerda, com barba e óculos, parece ser o mais destacado. Os outros homens estão em pé ao lado dele, com expressões sérias. O céu está claro e ensolarado, e a cúpula dourada da estrutura é visível ao fundo.
O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, visita o complexo de Al-Aqsa, também conhecido pelos judeus como Monte do Templo, na Cidade Velha de Jerusalém - Administração do Monte do Templo/via Reuters

A declaração poderia ser considerada uma provocação por si só —regras que datam de décadas dizem que os judeus têm permissão para visitar o lugar, conhecido por eles como Monte do Templo, mas não para fazer preces lá.

O momento em que Ben-Gvir escolheu fazê-la, no entanto, quando a guerra na Faixa de Gaza corre o risco de se transformar em um conflito regional, possivelmente envolvendo o Irã e seus aliados no Oriente Médio, eleva o risco de que ela provoque uma crise.

O ministro, um dos integrantes mais radicais do gabinete do premiê Binyamin Netanyahu, visitou o complexo de Al-Aqsa em razão do Ticha Beav, feriado judaico que marca a destruição dos dois templos judeus que teriam ocupado o platô artificial onde hoje fica a Esplanada das Mesquitas. Enquanto passava por uma fila de visitantes judeus, disse: "Nossa política é permitir a oração".

Bibi, como o premiê é conhecido, rapidamente desmentiu seu ministro, negando que pretende fazer mudanças no funcionamento do templo. "Nenhum ministro tem direito de exercer uma política própria no Monte do Templo, seja ele o da Segurança Nacional ou qualquer outro", afirmou por meio de nota.

Isso não impediu diversos países de condenarem o comportamento de Ben-Gvir, tachando-o de inaceitável. "[Este gesto] não só é inaceitável como representa uma distração em um período que consideramos crucial para concretizar o acordo de cessar-fogo", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Vedant Patel. O representante da ONU, por sua vez, Farhan Haq, descreveu o incidente como contraproducente.

A advertência de Netanyahu a Ben-Gvir expõe as divisões da coalizão de Bibi, frequentes desde que ela chegou ao poder, no final de 2022.

Na segunda-feira (12), o premiê repreendeu outro ministro, o titular da pasta da Defesa, Yoav Gallant, depois que a imprensa israelense o citou afirmando que o objetivo de "vitória total" na guerra contra o Hamas não fazia sentido.

Até agora, no entanto, cálculos eleitorais mantiveram a coalizão unida, enquanto Gallant tem se mostrado determinado a permanecer no governo para agir como contrapeso ao bloco nacionalista ultrarreligioso.

O episódio desta terça não é o primeiro em que uma visita de Ben-Gvir à Esplanada das Mesquitas é vista como uma afronta por parte da comunidade internacional.

Em janeiro de 2023, ao assumir seu atual cargo no governo, o ministro publicou o seguinte comentário nas redes sociais após uma ida ao local: "O governo israelense do qual sou membro não se renderá a uma organização assassina vil. O Monte do Templo está aberto a todos, e, se o Hamas pensa que ameaças vão me deter, entenda que os tempos mudaram. Há um governo em Jerusalém!".

Diversos países condenaram as declarações de Ben-Gvir na ocasião, incluindo os Estados Unidos e o Brasil.

Desta vez, um dos primeiros a repudiar o episódio foi Mahmoud Abbas, o impopular presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) —órgão concebido como uma espécie de governo de transição até o estabelecimento de um Estado palestino.

Em viagem a Rússia, Abbas classificou a passagem de Ben-Gvir pelo complexo de al-Aqsa como "uma provocação" e pediu aos EUA que intervenham "se quiserem evitar uma explosão incontrolável na região".

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