Reitora da Universidade Columbia renuncia ao cargo meses após onda de protestos

Instituição em Nova York foi epicentro de manifestações contra o apoio dos EUA a Israel na guerra contra o Hamas

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Washington | Reuters

A reitora da Universidade Columbia, Minouche Shafik, anunciou sua renúncia nesta quarta-feira (14), quase quatro meses após uma onda de protestos contra o apoio dos Estados Unidos a Israel na guerra contra o Hamas varrer instituições de ensino americanas.

No email em que justifica seu afastamento, enviado a alunos e funcionários, Shafik descreveu o período das manifestações como uma época turbulenta, em que "foi difícil superar as visões divergentes em nossa comunidade", e afirmou que ela teve um impacto considerável sobre a sua família.

Minouche Shafik fala como testemunha ao Comitê de Educação da Câmara dos Deputados dos EUA, em abril
Minouche Shafik fala como testemunha ao Comitê de Educação da Câmara dos Deputados dos EUA, em abril - Drew Angerer - 17.abr.2024/AFP

Com o anúncio, Shafik se junta a outras reitoras que também renunciaram a seus cargos em razão dos protestos —Elizabeth Magill e Claudine Gay, da Universidade da Pensilvânia e da Universidade Harvard, respectivamente.

As duas últimas deram depoimentos ao Congresso americano em dezembro passado, meses depois do início da guerra Israel-Hamas. Acusadas de leniência em relação a supostas demonstrações antissemitas por parte dos estudantes, elas defenderam até o fim o direito de expressão sob o prisma da Primeira Emenda da Constituição americana, segundo o qual mesmo o discurso de ódio é protegido, desde que não cruze a linha para ações violentas, incitação da violência ou ameaças.

Já Shafik foi chamada a testemunhar diante da Câmara em abril deste ano, quando as manifestações em Columbia chegaram a seu ápice, com estudantes invadindo prédios da universidades.

A ocupação só foi desmobilizada depois que Shafik acionou o Departamento de Polícia de Nova York. A decisão irritou estudantes e outros membros da comunidade acadêmica favoráveis aos protestos, mas não pareceu ser suficientemente dura para os que acusavam os atos de serem antissemitas.

No final daquele mesmo mês, o presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, por exemplo, criticou a forma como Shafik conduziu o incidente. "Hoje me junto a outros colegas que também pedem que a reitora renuncie se não conseguir pôr ordem a este caos imediatamente", disse ele ao lado de outros parlamentares durante uma visita ao campus de Columbia.

Antes, ele havia descrito Shafik, primeira mulher a assumir a reitoria de Columbia, como uma "líder incompetente" e "muito fraca" em uma entrevista de rádio. A economista de origem egípcia presidiu a London School of Economics, uma das instituições mais prestigiosas do Reino Unido, de setembro de 2007 a julho de 2023. Antes disso, foi vice-presidente do Banco Mundial e ocupou cargos de gerência no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco da Inglaterra.

A renúncia de Shafik ocorre em um momento inesperado, dado que o início de um novo período letivo ocorre em algumas semanas. Sua decisão tem efeito imediato, e ela assume em breve um posto na Secretaria de Relações Exteriores do Reino Unido. Enquanto isso, seu lugar será ocupado de fo rma interina por Katrina Armstrong, médica e reitora da Faculdade de Medicina de Columbia desde 2022.

"Minouche contribuiu muito para a comunidade de Columbia em um momento extraordinariamente desafiador. Embora estejamos desapontados em vê-la nos deixar, entendemos e respeitamos sua decisão", escreveram os presidentes do conselho da universidade, em comunicado.

Com The New York Times

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