Descrição de chapéu Venezuela

Lula diz esperar que Venezuela 'volte à normalidade' após vitória contestada de Maduro

Presidente comenta fluxo de migrante ao Brasil e afirma querer que pessoas consigam voltar aos seus estados de origem

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira (11) esperar que a Venezuela "volte à normalidade" para que migrantes do país possam retornar aos seus estados de origem "o mais rápido possível".

O presidente Lula durante reunião com gestores de faculdades públicas em São Paulo

Lula também afirmou que pretende visitar Roraima, estado na fronteira e principal porta de entrada dos imigrantes no Brasil. Disse ainda que o governo federal tem obrigação de ajudar as autoridades locais no atendimento a essas pessoas.

"O ministro de Relações Exteriores [Mauro Vieira] está com orientação e determinação da Presidência da República para que a gente trate com muito respeito as pessoas que estão vindo para o Brasil por necessidade. O ser humano é meio nômade, quando não tem onde comer, trabalhar, fica procurando outros lugares", disse Lula.

A declaração foi feita em entrevista à Rádio Norte FM, em Manaus (AM), após visita, na véspera, a regiões impactadas pela seca no estado.

Como a Folha mostrou, a crise política e o medo na Venezuela intensificam a migração para o Brasil. As semanas que sucederam a eleição do país fizeram a média de 300 imigrantes que chegavam diariamente ao Brasil dar lugar a cifras que se aproximam das 600 travessias diárias. O ápice foi registrado em 26 de agosto: mais de 740 cruzaram a fronteira naquela segunda.

Antevendo um aumento no fluxo, a Operação Acolhida, força-tarefa do governo brasileiro e da ONU que desde 2018 cuida dos abrigos públicos que recebem esses migrantes, está reativando o abrigo 13 de Setembro, antes fechado, e ampliando sua capacidade de 200 para 500 vagas, relatam militares à reportagem em Boa Vista.

A Venezuela vive uma crise política há anos, mas a situação se intensificou desde as eleições de 28 de julho. Na ocasião, autoridades eleitorais ligadas ao chavismo anunciaram a vitória do ditador Nicolás Maduro. O resultado foi questionado pela oposição e por líderes regionais.

O Brasil participou de uma articulação diplomática com a Colômbia para defender que o regime publicasse as atas eleitorais que comprovariam o resultado. O pleito, no entanto, tem sido ignorado pelo chavismo.

No episódio mais recente do tensionamento das relações diplomáticas, Caracas anunciou no fim de semana que revogou unilateralmente a custódia do Brasil sobre os interesses da Argentina na Venezuela.

O governo Lula assumiu a responsabilidade pela embaixada argentina na Venezuela desde que diplomatas do país vizinho foram expulsos. Dentro do prédio há seis asilados ligados à oposição.

"As pessoas têm que ser bem tratadas, e o governo tem a obrigação de ajudar o estado de Roraima a cuidar da educação dessa gente, a cuidar da manutenção dessa gente. Nós não queremos que essas pessoas venham para cá e passem mais necessidade ainda do que passavam na Venezuela", disse Lula.

"Pretendo agora, na visita a Roraima, ter conversa com o governador [Antonio Denarium], levar muitos ministros meus para que a gente possa, definitivamente, tratar com muita responsabilidade e respeito por esses milhares de venezuelanos".

"Espero que a Venezuela volte à normalidade e essa gente possa voltar para Venezuela o mais rápido possível", concluiu.

Lula é alvo de críticas por ter adotado uma política de reaproximação com Maduro mesmo quando já havia sinais de endurecimento do regime. No entanto, o recrudescimento da perseguição contra adversários, e o fato de Maduro ter ignorado pleitos do Brasil, levaram a uma calibragem do discurso.

Na fala mais dura, Lula declarou que o regime da Venezuela não configura uma ditadura, mas um "regime muito desagradável" que tem um "viés autoritário".

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