Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Netahyahu deve demitir ministro da Defesa de Israel em manobra no gabinete

Premiê se prepara para substituir rival Yoav Gallant para agradar ultraortodoxos e se manter no poder, diz imprensa local

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São Paulo

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, aumentou a fritura do seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, e deve demitir o rival político nos próximos dias, segundo relatou a imprensa do país nesta segunda-feira (16). A medida faria parte de uma dança das cadeiras ministerial para que Netanyahu consiga manter o apoio de parlamentares ultraortodoxos e possa permanecer no poder.

Segundo o jornal Times of Israel, o principal cotado para substituir Gallant é o ex-aliado de Netanyahu Gideon Sa'ar, que fazia parte do partido governista Likud até 2020. Outra opção é tornar Sa'ar ministro das Relações Exteriores —o atual chanceler, Israel Katz, seria o novo titular da Defesa.

A imagem mostra Netanyahu e Gallant sentados em uma mesa durante uma conferência de imprensa. Os dois estão vestidas com camisas pretas e há bandeiras de Israel ao fundo. As bandeiras têm o símbolo da Estrela de Davi e estão dispostas em um padrão alternado.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu (à esquerda) participa de entrevista coletiva ao lado do ministro da Defesa, Yoav Gallant, em Tel Aviv - Abir Sultan - 28.out.23/Pool via REUTERS

Gallant, militar aposentado, é rival de Netanyahu no Likud, e divergências entre os dois vêm aumentando nos últimos meses. O ministro pressiona o governo a aceitar um acordo com o Hamas para libertar os reféns ainda em poder do grupo terrorista na Faixa de Gaza. Netanyahu insiste que só aceitará um cessar-fogo após a destruição completa do Hamas, um objetivo que especialistas militares dizem ser impossível no curto prazo.

Além das discordâncias políticas entre os dois, Gallant se tornou um problema para a coalizão que mantém Netanyahu no poder —o ministro da Defesa é contrário a uma lei que isenta judeus ultraortodoxos do serviço militar obrigatório. Em junho, o Supremo Tribunal de Israel decidiu que essas pessoas devem ser recrutadas assim como outros homens israelenses.

Se a legislação que cria novas exceções para os ultraortodoxos não for aprovada, parlamentares desse grupo religioso podem abandonar a coalizão do premiê, implodindo o governo e forçando Netanyahu a convocar novas eleições.

Assim como Gallant, Sa'ar, cotado como seu substituto, também é um crítico contumaz do primeiro-ministro. Em 2022, ele chegou a dizer que não aceitaria um cargo no gabinete de Netanyahu, afirmando que seria um governo que sobreviveria "apenas por meio de negociações políticas" e que não seria "focado no bem-estar da população".

Entretanto, Sa'ar tem posições parecidas com a do primeiro-ministro em questões como a necessidade de maior ação militar contra o Hezbollah no Líbano e a favor da legislação que poupa ultraortodoxos do serviço militar.

O possível novo ministro da Defesa, assim como Netanyahu, também é contrário à solução de dois Estados para o conflito e a favor da anexação formal da Cisjordânia ocupada. Sa'ar já insinuou que uma possível resolução da disputa na região seria a expulsão dos palestinos para a Jordânia e é a favor de diminuir o tamanho da Faixa de Gaza após o fim da guerra com o Hamas —o território palestino já é um dos mais densamente povoados do mundo.

As notícias sobre a possível demissão de Gallant geraram reações da oposição e de familiares de reféns israelenses. O líder opositor Benny Gantz disse que Netanyahu dá mais atenção para "politicagem no governo do que para a vitória contra o Hamas, a volta dos reféns, a guerra com o Hezbollah".

Um grupo que reúne as famílias dos sequestrados também criticou a eventual saída do ministro, dizendo que Sa'ar já afirmou que um acordo com o Hamas seria equivalente a uma rendição e defendeu o uso de força militar para libertar os reféns.

Gallant ficou conhecido por dizer, no início do conflito atual entre Israel e o Hamas, que seu país enfrentava "animais humanos" e foi a favor de um cerco completo a Gaza, proibindo a entrada de comida e água.

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