Netanyahu reitera oposição a qualquer tentativa de criação de Estado palestino

Governo dos EUA vem fazendo chamados públicos para que parceiro no Oriente Médio aceite solução de dois Estados

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São Paulo

Pressionado por nações árabes e pelos Estados Unidos, aliado de longa data de Israel, o premiê Binyamin Netanyahu reafirmou nesta quinta-feira (18) que seu governo se opõe à criação de um Estado palestino qualquer que seja o cenário pós-guerra.

O premiê Binyamin Netanyahu durante reunião semanal no Ministério da Defesa, em Tel Aviv
O premiê Binyamin Netanyahu durante reunião semanal no Ministério da Defesa, em Tel Aviv - Ronen Zvulun/Pool - 7.jan.24/AFP

A jornalistas, Bibi, como é conhecido o primeiro-ministro, também afirmou ter transmitido esse posicionamento —no mais, já conhecido— ao governo do presidente dos EUA, Joe Biden, segundo relatos da agência de notícias Associated Press.

Com os indícios de que guerra entre Tel Aviv e a facção terrorista Hamas na Faixa de Gaza está longe de terminar, Washington vem pressionando o governo israelense a reduzir ataques aéreos e terrestres contra o território e alegando que o estabelecimento de um Estado da Palestina deveria fazer parte do "dia seguinte" ao pós-guerra.

"Em qualquer acordo futuro, Israel precisa ter controle de segurança sobre todo o território a oeste do [rio] Jordão", disse Netanyahu. "[A criação de um Estado palestino] se choca com nossa ideia de soberania, e um premiê precisa ser capaz de dizer não [mesmo] a amigos", emendou.

Também nesta quinta, o Departamento de Estado americano afirmou que a criação de um Estado palestino é, em sua perspectiva, uma condição necessária para a resolução dos desafios de segurança no Oriente Médio a longo prazo e para a reconstrução de uma Gaza destruída pela guerra.

Matthew Miller, porta-voz da pasta, afirmou que Washington vê o momento atual como a melhor oportunidade para que Israel aceite a chamada solução de dois Estados, já que os países em seu entorno têm se mostrado dispostos a fornecer garantias de segurança ao Estado judeu caso ele concorde com a iniciativa.

Reportagem recente do jornal britânico Financial Times mostrou que nações árabes estão trabalhando para garantir um cessar-fogo e a libertação dos mais de cem reféns israelenses ainda mantidos em Gaza pelo Hamas.

Um dos elementos do acordo seria a normalização das relações diplomáticas entre alguns desses países, a Arábia Saudita em especial, com Israel. Já a principal contrapartida seria a exigência de que Tel Aviv concorde com a criação do Estado palestino.

Ainda que muito defendida na arena internacional, a solução de dois Estados, que apregoa a criação do Estado para os palestinos e a manutenção do Estado de Israel, vem perdendo tração entre aqueles que teriam suas vidas diretamente afetadas por ela.

O apoio à proposta alcançava apenas um terço das populações em ambos os lados israelense e palestino antes de a atual guerra ter início, em outubro passado. O Brasil é historicamente um dos países que defende a solução dos dois Estados.

A ideia de dividir a região entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo em um Estado para judeus e outro para árabes não é novidade. Em 1947, um ano antes da fundação de Israel, a Assembleia-Geral da ONU aprovou a partilha da Palestina, então sob mandato britânico. Não houve consulta à população local, e o plano não se concretizou.

A proposta ganhou novo fôlego em 1993, quando os Acordos de Oslo criaram a Autoridade Nacional Palestina (ANP), espécie de governo transitório que deveria ser sucedido por um Estado palestino na Cisjordânia, em Jerusalém Oriental e na Faixa de Gaza, territórios sob ocupação militar de Israel desde 1967.

O plano, mais uma vez, não virou realidade. Tel Aviv expandiu a presença de colonos nos territórios ocupados e, desde então, há registros de aumento na violência contra a população palestina, o que inclui restrições a movimentação, encarceramento em massa e assassinatos de sua população.

A coalizão que hoje forma governo de Netanyahu —homem que por mais tempo ocupou o cargo de primeiro-ministro em Israel (ainda que com pausas entre um mandato e outro)—, é considerado o mais radical da história de país.

Alguns de seus membros, estritamente ligados a grupos de colonos israelenses nos territórios ocupados, pregam um discurso radical contra palestinos, a quem chamam, de uma maneira genérica, de terroristas. Também por isso a perspectiva de uma solução de dois Estados se tornou ainda mais distante.

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