Museu do Ipiranga se torna mais acessível e estreita relação com São Paulo

Reaberta há sete meses, instituição tem se destacado em premiações de inclusão e diversidade

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São Paulo

Em sete meses desde sua reabertura, o Museu do Ipiranga, localizado na zona sul de São Paulo, ganhou reconhecimento nas áreas de inclusão, diversidade e acessibilidade.

Da inovação arquitetônica à ampliação do número de exposições, a reinauguração após nove anos de fechamento teve como foco a inclusão de pessoas e a democratização da cultura.

O espaço ganhou o prêmio Raymundo Magliano Filho de Inclusão e Diversidade e o Selo de Acessibilidade da Prefeitura de São Paulo, entre outras distinções.

A imagem mostra uma das salas de exposição do Museu do Ipiranga, na parede está o quadro ‘O Grito do Ipiranga’, 
de Pedro Américo
Reaberto há sete meses, Museu do Ipiranga foi adaptado para receber pessoas com deficiência através de recursos multissensoriais, réplicas em autorelevo, esculturas e outros objetos em miniatura que reproduzem quadros importantes e elementos da arquitetura do lugar - Keiny Andrade/Folhapress

Isabela Ribeiro de Arruda, supervisora de educação e ação cultural da instituição, ligada à USP (Universidade de São Paulo), conta que antes da reabertura um grupo de escuta recebeu pessoas com autismo para entender como as exposições e os estímulos de imagem, toque, som e vídeo interferiam em seu bem-estar durante a visita.

"Uma decisão que nós tomamos nas exposições a partir dessa escuta foi a de não adotar salas com som aberto. Quase a totalidade dos multimídias e dos vídeos que nós temos no museu são acessados com fones de ouvido, para evitar o excesso de estímulo. O som pode gerar uma sensação de desconforto", explica.

A medida foi adotada para que isso não se tornasse uma barreira para esse público. "Nas poucas salas com som aberto, temos menos estímulos de outras naturezas para tentar equilibrar."

Aspectos como a iluminação também foram pensados. O museu orienta que visitas de pessoas com deficiência sejam agendadas para horários com menos fluxo.

De acordo com Rosaria Ono, diretora do espaço, a linguagem dos recursos de apoio também foi pensada para ser de fácil entendimento. As explicações contam com opções em português, inglês, libras e braile.

Do ponto de vista arquitetônico, o museu, cujo acesso principal se dava por escadarias até 2013, quando foi fechado para reforma, agora conta com elevador e escada rolante.

De acordo com a museóloga Ligia Kulaif Perroni, a instituição é hoje referência para outras do país.

"Por definição, um museu precisa ser um espaço aberto ao público. Se você não garante o acesso, está infringindo a definição de museu por excelência. Mas o do Ipiranga foi muito além disso e trouxe, por exemplo, as maquetes táteis", afirma ela.

Esses recursos multissensoriais reproduzem obras, de estátuas a quadros como "Independência ou Morte", de Pedro Américo, passando por elementos da arquitetura.

Com isso, pessoas que nunca viram os objetos históricos podem tatear a versão reduzida e compreender quais figuras, texturas e proporções compõem a peça.

Além desses aspectos, as novas exposições e recursos narrativos trazem um olhar para a diversidade.

Em contraposição ao heroísmo a que foi alçado o bandeirante, há salas dedicadas à história do indígena e do negro, por exemplo.

Há ainda exposições temporárias que abordam o trabalho manual, questões de gênero e aspectos da
sociedade moderna.

O Ipiranga foi eleito o melhor museu da cidade de São Paulo, sendo citado por 45% dos entrevistados, de acordo com levantamento Datafolha.

"A gente tem um histórico de afetividade das pessoas com o museu. Ele é o primeiro que elas visitam com a escola e, assim, são iniciadas nas visitações culturais a instituições", afirma a diretora Rosaria.


MUSEU DO IPIRANGA

45% das menções

Fundação 7 de setembro de 1895

Funcionários 86 funcionários do Museu Paulista da USP (Museu do Ipiranga + Museu Republicano de Itu)

Visitantes mais de 300 mil visitantes desde a reabertura

Lucro líquido não houve faturamento

A gente tem um histórico de afetividade das pessoas com o museu. Ele é o primeiro museu que elas visitam com a escola e, assim, são iniciadas às visitações culturais a instituições.

Rosaria Ono

diretora do Museu do Ipiranga

Erramos: o texto foi alterado

A tela “Independência ou Morte”, pintada por Pedro Américo, foi incorretamente identificada como “O Grito do Ipiranga” em versão anterior deste texto.

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