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Murakami, eleito o melhor restaurante japonês de SP, surpreende por ser informal

Capitaneado por chef que parece um samurai carioca, local vai na contramão da sisudez nipônica

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São Paulo

"E aí, galera, beleza? Tá demais, né? Que animal!" A saudação parece vinda de um instrutor de crossfit, e não de um sushiman premiado. Mas que não se enganem os incautos. No Murakami, eleito pelo júri o melhor restaurante japonês de São Paulo, o que primeiro salta aos olhos é o despojamento, na contramão da sisudez típica dos estabelecimentos nipônicos da cidade.

A informalidade é um oferecimento de seu chef, Tsuyoshi Murakami, que, entre um corte e outro, canta uma "Ave Maria" para comensais gringos aqui e faz vídeo pros Stories do fã empolgado ali. Ele nasceu na ilha de Hokkaido, se mudou para o Rio de Janeiro aos três anos de idade, voltou ao Japão para estudar culinária e, de novo no Brasil, ascendeu à frente do Kinoshita —que nasceu como restaurante de seu sogro na Liberdade e depois se tornou uma luxuosa empreitada no bairro paulistano de Vila Nova Conceição. Faz quatro anos que ele voa solo, na casa que leva o seu sobrenome nos Jardins.

Sashimi de lagostins com wasabi selvagem do restaurante Murakami - Keiny Andrade/Folhapress

Do balcão, onde se sentam apenas 12 pessoas, ele se deixa observar enquanto fatia postas de atum bluefin, um dos peixes mais caros do mundo. O pescado chega ao prato sob a forma de um tartare coroado por ikura, ovas de salmão —um dos seis cursos da Experiência Murakami (R$ 470), servida apenas duas vezes por noite (às 19h e às 21h30) e mediante reserva.

Quem optar por esse omakassê (espécie de menu-degustação em que o cliente entrega ao chef a escolha do que vai comer) pode ainda provar o atum mebachi ao sumissô, molho agridoce acompanhado de quiabo, o camarão com milho doce e pupunha, os delicados cortes de filé-mignon temperado e a seleção de sashimi com peixes do dia —que na ocasião da visita incluiu garoupa levemente picante. Nenhum vidro de molho shoyu à vista para ensopar. Ainda bem.

Saquê para acompanhar é recomendável. Quem optar por desembolsar mais de R$ 1.000 pode pedir um do rótulo Dassai 23, queridinho dos entendedores da bebida, mas uma garrafa do Ippon-jime Honjouzou, opção mais seca, sai por R$ 380 e não faz feio.

A comilança termina com os motis, sobremesa incluída no pacote da degustação. São bolinhos de arroz recheados de ganache de chocolate, especialidade preparada pela matriarca Suzana, esposa do chef. Apesar de fofinhos, são bem consistentes. É que "arroz mole é como beijo mole, né?", diz Murakami, esse samurai de sotaque carioca.

Murakami
Al. Lorena, 1.186, Cerqueira César, região oeste, tel. (11) 3064-8868, @restaurantemurakami

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