Goya e Aizomê dividem posto de melhor restaurante japonês de SP

Endereços foram eleitos pelo júri especializado do especial O Melhor de São Paulo Gastronomia

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Panela vista de cima com um cozido que tem entre os ingredientes lagostim, cogumelos e vegetais
Receita yuzu nabe, ensopado com bolinhos de camarão e lagostim, cogumelos e vegetais do Aizomê - Keiny Andrade/Folhapress
São Paulo

Das obras mais famosas de Francisco de Goya, o mestre espanhol da pintura, "Saturno Devorando um Filho" traz o deus do tempo mastigando com voracidade seu rebento. A gula desatada é a única aproximação possível entre o artista ibérico, famoso pelas retocadas brutas, e o brasileiro Uilian Goya, que usa o pincel com delicadeza para molhar sushis que serve no restaurante homônimo.

Sua casa, nos Jardins, empatou com o Aizomê como o melhor japonês da cidade, segundo o júri d’O Melhor de São Paulo. A vitória de ambos os estabelecimentos é um aceno à tradição e ao rigor dessa culinária.

Em uma mesa de madeira, um prato de cor escura abriga um tempura de enguia com maionese
de ovos
Tempurá de enguia com maionese de ovos, do Goya - Keiny Andrade/Folhapress

Quando Goya, o cozinheiro, põe diante do cliente o seu farto futomaki, enrolado feito com atum bluefin, gema cozida e aspargos, bate a vontade de imitar Saturno e mandar bala em tudo numa abocanhada só. E é o que recomenda o restaurante, que cada prato seja degustado numa só mordida para aproveitar texturas que aguçam os sentidos.

A cada noite, 20 comensais têm a chance de observar o chef preparando uma a uma as etapas do omakassê, menu-degustação à japonesa, feito em dois turnos, sem atrasos. O preço é o mais salgado dos itens do cardápio: R$ 490, incluindo bebidas e serviço.

Come-se bem ao cabo de mais de dez cursos. Há pratos quentes e frios, secos e ensopados, fritos e cozidos, suaves e fortes, que formam a paleta de contrastes de Goya, o chef.

No Aizomê, que divide o pódio neste ano, a proposta é um retorno ao básico —mas um básico que jamais signifique simples. O restaurante da chef Telma Shiraishi se propõe a cristalizar no paladar brasileiro o "washoku", princípios da culinária tradicional do Japão. É um modo quase espiritual de encarar o que vai parar no estômago.

Isso significa apostar na sazonalidade e geografia dos ingredientes: sai, portanto, o salmão cor laranja-radioativo, tão comum em rodízio, e entra, por exemplo, o namorado, típico da costa do Sudeste brasileiro.

No chamado kaisen ju (R$ 298), esse peixe convive com atum, ovas de uni (ouriço), ikura (ovas) e salada de algas num farto prato que tem por base o shari, arroz temperado. Mas há também omakassê, na versão vegetariana (R$ 290) ou com dez sushis e sete sashimis (R$ 375).

A princípio, o ambiente do Aizomê parece menos sisudo do que o do Goya. Mas é só Shiraishi despontar no salão para fiscalizar preparos que a tensão brota entre quem está com a mão na massa. Ela queria saber sobre o andamento de um dos pedidos. Seus auxiliares respondem com obediência militar.

Rigor, afinal.

GOYA ZUSHI 
Al. Franca, 1.151, Jardim Paulista, região oeste, @goyazushi

AIZOMÊ 
Al. Fernão Cardim, 39, Jardim Paulista, região oeste, tel. (11) 2222-1176, @aizomerestaurante

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