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Rastros da devastação

Possível lucro da Petrobras não apaga as sequelas de anos de má gestão 

Operário pinta tanque de combustível em refinaria da Petrobras
Operário pinta tanque de combustível em refinaria da Petrobras - Ueslei Marcelino/Reuters

A maior empresa brasileira completou quatro anos consecutivos de prejuízos —ao todo, são quase R$ 72 bilhões acumulados.

Levando-se em conta o desempenho de 2017 e a estabilidade dos preços globais, é plausível que a Petrobras volte ao azul neste ano. As sequelas deixadas pelos desvios criminosos e pela má administração da empresa, porém, ficarão.

Nessa quadra, a empresa também ficou menor, em vários aspectos. Seus ativos perderam valor ou tiveram de ser vendidos —neste caso, para reduzir a dívida monstruosa acumulada durante o governo de Dilma Rousseff (PT), que ditava as linhas gerais da companhia.

O endividamento relativo atingiu o pico em 2014, quando chegou a 5,1 a relação entre os valores da dívida e os da capacidade de geração de receita. As causas foram investimentos ineptos e o represamento populista de preços.

O indicador de endividamento ainda está acima de 3, espécie de limite de tolerância. Se não fosse uma gigante que, em última instância, seria socorrida pelo Estado, a estatal poderia ter quebrado.

Tal risco, de todo modo, acabou por prejudicar o custo do crédito para o país entre 2014 e 2015. A hipótese de o governo ter de gastar a fim de socorrer a petroleira contribuiu para elevar as taxas de juros.

O valor dos ativos da companha foi revisto para baixo, empreendimentos foram cancelados e outros mostraram-se muito menos rentáveis do que imaginava a gestão petista, quando apresentavam alguma perspectiva de ganho.

Além de saqueada, a empresa se tornou um elefante branco de megainvestimentos fantasiosos.

No ano passado, o prejuízo caiu a R$ 446 milhões —o que parece pouco se comparado aos R$ 14,8 bilhões de 2016. O resultado negativo ainda é legado da gestão ruinosa do período Dilma Rousseff. Foi necessário, afinal, reservar mais de R$ 11 bilhões para arcar com um acordo judicial nos EUA, relativo a acusações de fraude.

Ainda que se confirme o lucro em 2018, o rastro da deterioração não estará apagado. Permanecem dívidas em excesso, e os investimentos estão em patamares historicamente baixos. A recuperação da Petrobras se dá, pois, de modo análogo à da economia do país.

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