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José Altino Machado

Amazônia: a grande farsa

ONGs usam índios para barrar obras importantes

Placa de autodemarcação da terra indígena SawrŽ Muybu, dos índios mundurucus, no rio Tapajós - Lalo de Almeida - 19.ago.18/Folhapress
José Altino Machado

Bastou a União apresentar projeto de construção de hidrelétrica na tapajônica cachoeira de São Luiz (Pará) para que levantassem causas conservacionistas e ambientalistas, sempre fiéis a verdades imprestáveis. Ainda digeriam a de Belo Monte, no Xingu.

Sabedores da extremada necessidade energética do país, preocuparam-se em encontrar meios de deter o projeto que seguia célere. Recorreram, então, ao único recurso que supera a racionalidade na Amazônia: a causa indígena, que atropela qualquer acepção legal.

Tais organizações de cunho internacional, bem pouco voltadas a interesses nacionais e assanhadas em desvario na "proteção" florestal, iniciaram uma série de loucuras, inclusive ilegais, pondo em movimento silvícolas para fora de suas áreas sem permissão do Congresso Nacional, como preceitua a Constituição.

Assim, acorreram a reorganizar parte da sociedade indígena da região em atendimento às suas finalidades políticas --índios, aliás, nunca anteriormente lembrados.

Assim, dos mundurucus, que habitam o alto Tapajós, tendo convívio maior com a sociedade não indígena na cidade de Jacareacanga (PA), alguns foram buscados, organizados e incitados a criarem força própria ao dito embate protecionista que se avizinhava.

Pesa, ainda, que eles andavam aborrecidos com o Estado. Não faz muito tempo, a Polícia Federal, em operação nas suas verdadeiras áreas, incendiou equipamentos de mineração valiosíssimos, aniquilando sustentos advindos de anos de trabalho. Coisa de milhões.

Alguns jornais, inclusive esta Folha, publicaram a notícia com foto das imensas dragas indígenas ardendo na crueldade das chamas. Deixaram, entretanto, sem opinião ou questionamento a violenta transgressão cometida pelas autoridades ao artigo 21, parágrafo único, da lei 7.805, que trata da retenção de patrimônio privado e sua não destruição sem amparo ou preceito legal.

Esses episódios foram alvos fáceis para as ONGs, secundadas por um jovem fantasiador em suas funções de procurador da República lotado em Belém, todos se valendo de um "abstrato direito tradicional" para formação de pequenos grupos e os alocando às margens do rio Tapajós abaixo, não só na área de inundação prevista, mas na própria cachoeira de São Luiz, local projetado para a efetiva construção.

Nessas públicas arregimentações se chegou a promover teatral ato cívico, em Itaituba (PA). Cantorias e fantasias. E nenhum deles, em nenhum momento, preocupou-se em não acirrar ânimos entre, agora sim, diferentes povos, coisa mais grave à região e bem pior que a própria construção da hidrelétrica.

Perderam-se os milhões investidos, capitais e tempo chineses, e por deixar por lá todos como puderam ficar. Isso num país gerido por outra bandeira vermelha...nas contas de energia. Vimos mais um sepultamento das prioridades e dos interesses nacionais.

Em recente programa de TV, o general Eduardo Villas Bôas, no comando do Exército Brasileiro, afirmou: "A Amazônia pertence ao Brasil". Não, diga-se ao general, não pertence, ela é o próprio país com sua gente.

José Altino Machado

Ex-presidente da União Sindical de Garimpeiros da Amazônia Legal

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