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Obras em risco

Situação crítica de viadutos na capital paulista demanda que autoridades reconheçam gravidade da situação e encontrem meios para afastar os temores

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Na madrugada do dia 15 de novembro de 2018, parte da estrutura de um viaduto na marginal Pinheiros, perto do acesso à rodovia Castello Branco, cedeu de modo inesperado.

Felizmente o desastre ocorreu em horário de trânsito reduzido, e os ocupantes dos poucos veículos atingidos nada sofreram.

Não tardou muito para que, na última semana de janeiro deste ano, o viaduto que liga a marginal Tietê a outra rodovia, a Dutra, fosse interditado, desta vez preventivamente, em razão dos riscos de colapso constatados.

Rachadura no asfalto no viaduto Itinguçú (Francisco Faria de Souza), na Vila Ré, zona leste de São Paulo
Rachadura no asfalto no viaduto Itinguçú (Francisco Faria de Souza), na Vila Ré, zona leste de São Paulo - Ronny Santos/Folhapress

Os dois episódios não deixam dúvidas sobre a situação crítica de estruturas do gênero na capital paulista, ameaçadas por problemas que deveriam ter sido verificados e corrigidos pelo poder público.

O lapso de manutenção mostrou-se patente em relatório elaborado por técnicos municipais, que apontaram “risco iminente de colapso” em seis edificações —entre as quais as pontes Cidade Jardim, Cidade Universitária e Eusébio Matoso, sobre o rio Pinheiros, atravessadas por até 10 mil veículos por hora no horário de pico.

Outros dez viadutos e pontes, além dos citados no documento, estariam em condições igualmente periclitantes e, segundo especialistas da prefeitura paulistana, precisam de vistoria urgente.

Após a divulgação do relatório, a Secretaria de Obras da gestão Bruno Covas (PSDB) procurou minimizar o caráter alarmante da situação, afirmando que a dimensão do risco seria ainda imprecisa.

Laudos individuais corroboram, contudo, o quadro de precariedade e abandono que ameaça a população.

São situações de desgaste, que não se resumem a emergências causadas por acidentes, como colisões de veículos ou incêndios.

Além das restrições orçamentárias, que têm cobrado conta elevada em diversos estados e municípios do país, a cidade de São Paulo padecia de indefinições quanto aos responsáveis diretos por determinadas vias —que seriam da alçada do governo estadual. 

O jogo de empurra parece ter se encerrado formalmente na quarta-feira (6), quando o Tribunal de Contas do Estado determinou que pontes e viadutos localizados nos  limites da cidade devem ser mantidos pelo poder municipal.

Já submetidos a renitentes problemas de mobilidade urbana, os habitantes da maior cidade do país esperam que seus tributos tenham uso mais eficaz.

É preciso que as autoridades reconheçam a gravidade da situação, com transparência, e encontrem meios para garantir a solidez das obras viárias e afastar os temores dos cidadãos.

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