Na madrugada do dia 15 de novembro de 2018, parte da estrutura de um viaduto na marginal Pinheiros, perto do acesso à rodovia Castello Branco, cedeu de modo inesperado.
Felizmente o desastre ocorreu em horário de trânsito reduzido, e os ocupantes dos poucos veículos atingidos nada sofreram.
Não tardou muito para que, na última semana de janeiro deste ano, o viaduto que liga a marginal Tietê a outra rodovia, a Dutra, fosse interditado, desta vez preventivamente, em razão dos riscos de colapso constatados.
Os dois episódios não deixam dúvidas sobre a situação crítica de estruturas do gênero na capital paulista, ameaçadas por problemas que deveriam ter sido verificados e corrigidos pelo poder público.
O lapso de manutenção mostrou-se patente em relatório elaborado por técnicos municipais, que apontaram “risco iminente de colapso” em seis edificações —entre as quais as pontes Cidade Jardim, Cidade Universitária e Eusébio Matoso, sobre o rio Pinheiros, atravessadas por até 10 mil veículos por hora no horário de pico.
Outros dez viadutos e pontes, além dos citados no documento, estariam em condições igualmente periclitantes e, segundo especialistas da prefeitura paulistana, precisam de vistoria urgente.
Após a divulgação do relatório, a Secretaria de Obras da gestão Bruno Covas (PSDB) procurou minimizar o caráter alarmante da situação, afirmando que a dimensão do risco seria ainda imprecisa.
Laudos individuais corroboram, contudo, o quadro de precariedade e abandono que ameaça a população.
São situações de desgaste, que não se resumem a emergências causadas por acidentes, como colisões de veículos ou incêndios.
Além das restrições orçamentárias, que têm cobrado conta elevada em diversos estados e municípios do país, a cidade de São Paulo padecia de indefinições quanto aos responsáveis diretos por determinadas vias —que seriam da alçada do governo estadual.
O jogo de empurra parece ter se encerrado formalmente na quarta-feira (6), quando o Tribunal de Contas do Estado determinou que pontes e viadutos localizados nos limites da cidade devem ser mantidos pelo poder municipal.
Já submetidos a renitentes problemas de mobilidade urbana, os habitantes da maior cidade do país esperam que seus tributos tenham uso mais eficaz.
É preciso que as autoridades reconheçam a gravidade da situação, com transparência, e encontrem meios para garantir a solidez das obras viárias e afastar os temores dos cidadãos.
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