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Tragédia e fracasso

Piores, os números da Covid-19 no país mostram gestão da crise ruinosa

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UTI do Hospital Emílio Ribas, onde estão internados pacientes com coronavírus - Ronny Santos/ Folhapress

Os números da Covid-19 acumulados pelo Brasil expõem tanto uma tragédia como um fracasso.

A primeira se apresenta cotidianamente à população. Com as 1.299 novas mortes contabilizadas nesta quinta-feira (16), o país ultrapassou a sinistra marca de 76 mil brasileiros abatidos pelo novo vírus.

Elevou-se, assim, para o patamar mais alto desde o início da epidemia a média móvel de óbitos —recurso estatístico que permite uma visão mais acurada da evolução da enfermidade, ao atenuar números isolados que saiam do padrão.

Calculada a partir dos resultados dos últimos sete dias, a cifra chegou nesta quinta-feira (16) a chocantes 1.081 mortes/dia.

Tampouco é auspicioso o quadro geral dos contágios. Com mais de 2 milhões de casos confirmados, o Brasil totalizou 12 semanas consecutivas com uma taxa de contaminações —que indica para quantas pessoas, em média, cada infectado transmite a doença— acima de 1, sinal de descontrole.

Nesse período, o número de novos contágios por 100 mil habitantes multiplicou-se por 13, passando de cerca de 19 para 250.

Embora siga acelerando como um todo, a pandemia não mostra um ritmo uniforme no país. Enquanto as médias móveis de mortes são altas, mas estáveis, na maior parte do Nordeste e no estado de São Paulo, elas apresentam queda no Norte e no Rio de Janeiro.

Tal redução, contudo, tem sido mais do que compensada pelo crescimento dos óbitos nas regiões Sul e Centro-Oeste, cuja taxa dobrou, no primeiro caso, e teve aumento de mais de 40%, no segundo.

Pertencem a essas duas regiões 5 das 10 capitais (Porto Alegre, Goiânia, Cuiabá, Florianópolis e Curitiba) com índice de ocupação de leitos de UTI acima de 80%, e 3 das 4 com percentual maior do que 90%.

Esse estado de coisas resulta sobretudo de uma gestão ruinosa da crise. Além de absurdos mais explícitos, como a ausência há dois meses de um titular no Ministério da Saúde, governos estaduais e municipais promovem reaberturas sem respaldo científico e com sistemas de saúde perto do colapso.

Uma retomada segura das atividades passaria por um programa nacional de testes e rastreamento de contatos, como ocorre em quase todo o mundo. Mas nem isso o Brasil conseguiu cumprir.

editoriais@grupofolha.com.br

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