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Tropeços com vacinas

Governo não pode se eximir da responsabilidade por falhas contra Covid e dengue

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Nísia Trindade, ministra da Saúde - Pedro Ladeira/Folhapress

O sistema de vacinação no Brasil, que já foi exemplo para o mundo, enfrenta percalços no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A má nova mais recente diz respeito à aquisição de vacinas atualizadas contra a Covid-19. Em dezembro, a Anvisa concedeu registro para imunizante da Pfizer específico para a variante XBB. Entretanto, quatro meses depois, a compra não foi concluída.

A campanha de vacinação, que deveria estar em curso, ficou para maio. Ao longo de 2023, o governo só adquiriu doses da Coronavac. A recomendação técnica era aguardar as vacinas de mRNA atualizadas da Pfizer e da Moderna —o registro desta só veio em março.

Atrasou, com isso, o pregão entre as duas concorrentes. Mas nem tudo que é explicável é justificável, especialmente no que toca à saúde da população. O bom gestor precisa antecipar-se a possíveis entraves. Problema similar deu-se na atual epidemia de dengue.

O Ministério da Saúde não agilizou a burocracia para a compra do imunizante Qdenga nem preparou a infraestrutura do sistema de saúde para a alta de casos —que havia sido projetada pela OMS no início de 2023 devido à mudança climática e ao fenômeno El Niño.

Em quatro meses, a doença tirou a vida de 1.116 brasileiros, ante 1.094 em todo o ano passado.

Ademais, a vacinação com a Qdenga obteve baixo comparecimento, mesmo limitada à coorte de 10-14 anos. Na quarta-feira (17), o Ministério da Saúde emitiu nota permitindo inocular pessoas de 4 a 59 anos, como paliativo para não desperdiçar imunizantes com vencimento no fim deste mês.

Por óbvio, o discurso antivacina de Jair Bolsonaro (PL) foi um dos vários descalabros provocados pelo seu governo na área da saúde. Mas o PT já está no poder há 16 meses, e a pasta chefiada por Nísia Trindade não pode mais escorar-se nos desmandos do passado para isentar-se de responsabilidades.

Também cabe assinalar que as pressões políticas do Congresso contra a ministra têm pouco a ver com o bem-estar da população e muito com o apetite fisiológico de parlamentares do centrão pelo gordo orçamento da Saúde.

editoriais@grupofolha.com.br

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