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Outro ano de calor

2020 teve, ao lado de 2016, a maior temperatura registrada; Biden é esperança

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Bombeira tenta conter o fogo em floresta da California, nos EUA - David McNew - 10.set.20/AFP

Embora tenha passado a segundo plano no rol das preocupações mundiais devido à pandemia de Covid-19, a crise climática manteve sua marcha inclemente em 2020.

Dados da agência europeia Copernicus mostram que o ano passado foi o mais quente da série histórica, ao lado de 2016, que até então detinha o recorde. Com isso, num sinal de avanço do aquecimento global, os últimos seis anos tornaram-se os mais quentes já detectados em medições e estimativas que remontam ao século 19.

A temperatura média da superfície do planeta esteve, em 2020, 1,25°C mais alta do que no período pré-industrial —um número perigosamente perto de 1,5°C, considerado o limite para evitar os piores impactos da mudança do clima.

Dois fatores tornam ainda mais extraordinário —e preocupante— o recorde de 2020. No ano passado ocorreu o fenômeno climático La Niña, que produz um resfriamento da superfície do oceano Pacífico equatorial. Inversamente, 2016 esteve sob efeito do El Niño, que provoca um esquentamento anormal das águas da mesma região.

Em algumas regiões, a elevação das temperaturas se deu de forma excepcional. A Europa, por exemplo, crestada por mortíferas ondas de calor em julho e agosto, bateu em 2020 o recorde que fora estabelecido no ano anterior.

No Ártico e no norte da Sibéria a situação mostrou-se ainda mais extrema, com uma vasta área registrando até 3°C acima das médias de 1981-2010, e alguns locais chegando a espantosos 6°C acima delas.

A consequência desse desarranjo se deu na forma de incêndios florestais mastodônticos, que produziram, no Círculo Polar Ártico, recorde de toneladas de CO2 liberadas. O gelo do mar Ártico também apresentou redução drástica, atingindo a menor extensão histórica para os meses de julho e outubro.

A única maneira conhecida de enfrentar tamanha calamidade é reduzir brutalmente a liberação de gases do efeito estufa na atmosfera, em particular o CO2. Em 2020, apesar da queda de 7% nas emissões, em razão da pandemia, a concentração de dióxido de carbono continuou aumentando.

Nesse cenário, a chegada de Joe Biden à Casa Branca traz esperança. O democrata promete uma guinada nas políticas ambientais dos EUA, com o retorno ao Acordo de Paris, o investimento de US$ 2 trilhões (R$ 11 trilhões) em energia limpa e o estímulo à transição para uma economia de baixo carbono.

editoriais@grupofolha.com.br

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