Descrição de chapéu
O que a Folha pensa

Trator paulistano

Experiente no mundo legislativo, Nunes avança com rapidez em pautas espinhosas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) - Governo do Estado de Sao Paulo

Com menos de oito meses à frente da maior e mais rica cidade do país, Ricardo Nunes (MDB) chega ao final de 2021 à vontade na cadeira de prefeito de São Paulo.

Até então uma incógnita para a maioria dos paulistanos, e ainda hoje desconhecido por muitos, Nunes foi alçado ao cargo em maio último após a morte precoce do prefeito Bruno Covas (PSDB).

Repete uma sina na política recente da metrópole: ser governada por vices. Foi assim em 2006 com Gilberto Kassab (PSD), após a saída de José Serra (PSDB) para disputar o governo paulista, e com o próprio Covas, que assumiu a prefeitura em 2018, no lugar do também tucano João Doria.

Uma vez no cargo, Nunes manteve o estilo discreto e evitou mudanças bruscas. Conciliador, conservou a maior parte da equipe, deu sequência aos planos de Covas e reuniu mais acertos do que erros na condução da pandemia.

Nessa curta jornada, seu maior trunfo parece ser o bom trânsito na Câmara Municipal. Vereador por oito anos, o emedebista conhece o caminho das pedras na Casa e se vale da estratégica aliança com o presidente Milton Leite (DEM) para aprovar propostas de interesse da administração.

Nesse quesito, Nunes exibe performance de causar inveja a demais alcaides. Impressiona a profusão de projetos aprovados no Legislativo, e mais ainda a velocidade com que são apreciados. Tamanha celeridade motiva críticas da combalida oposição.

De fato, temas espinhosos como a nova reforma previdenciária e a controversa prorrogação de contratos sem licitação passaram, respectivamente, em menos de dois meses e em apenas quatro dias.

O primeiro, entre outros pontos, acaba com a isenção dos aposentados que recebem acima do salário mínimo. Covas precisou de um ano para concluir a sua reforma; Doria e Fernando Haddad (PT) capitularam diante do ônus político.

Nunes assegurou também a anuência do Legislativo para um rumoroso aumento de salários, incluindo indicados políticos, e a cessão do Campo de Marte à União em troca do fim da dívida municipal com o governo federal.

O cenário para 2022, ao menos sob o aspecto financeiro, é auspicioso. Se o acordo do Campo de Marte for avalizado pela Justiça, sobrarão R$ 3 bilhões a mais no caixa para alavancar investimentos.

Pauta que costuma provocar calafrios, o possível aumento da tarifa de ônibus poderá até ser contornado com o uso de parte desse valor para ampliar os subsídios aos empresários —manobra que trará alívio a Nunes e seus aliados, especialmente em ano eleitoral.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.