O bom recadinho de Doria ao PSDB

Desistência de candidatura enterraria projeto de eleger 15 deputados por SP

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Existem 70 milhões de motivos para os tucanos —Aécio Neves à frente— dinamitarem a campanha de João Doria ao Palácio do Planalto. Sequiosos pela fatia de R$ 314 milhões do fundo eleitoral, os (por ora) 30 deputados federais do PSDB se recusam a destinar mais recursos a uma candidatura claudicante.

Hoje com 2% das intenções de voto segundo o último Datafolha, Doria reivindicou R$ 140 milhões para a campanha. Só terá direito à metade. Cedida a contragosto.

A cota dos deputados é de R$ 2,4 milhões, um total de R$ 72 milhões. Sem Doria na disputa, dobraria. Daí, o movimento para desestabilizá-lo. Eduardo Leite quase conseguiu ao manifestar a pretensão de lutar pelo direito de concorrer à Presidência.

Acuado —a ponto de surpreender aliados com o uso de palavrões para se referir a integrantes do alto tucanato—, o governador de São Paulo decidiu revidar, anunciando a decisão de se manter no cargo.

Sua permanência no governo detonaria o comitê eleitoral do partido. Sem vínculo histórico com a sigla à qual se filiou apenas em 2001, Doria demoliria o PSDB onde está sua maior fonte de recursos, São Paulo.

Esse foi seu bom recadinho ao PSDB. Em sua vingança, enterraria o projeto de eleição de 15 deputados federais pelo estado. Atualmente a bancada paulista é de oito. Dissuadido, manteve-se na corrida presidencial. Frágil.

O caixa também foi determinante para migração partidária do ex-juiz Sergio Moro. Com minguados R$ 190 milhões de fundo eleitoral, o Podemos, seu antigo partido, não se dispôs a bancar uma candidatura com 8% das intenções de votos.

Seu novo destino —o União Brasil— vai abocanhar cerca de R$ 770 milhões do fundo. Mas também lá não há espaço para a ambição de Moro. Restou a ele concorrer à Câmara de Deputados em busca de proteção parlamentar, prática que tanto condenou.

Desalojado, o juiz da Lava Jato colocará seu potencial eleitoral a serviço do partido que é fruto da fusão do DEM com o PSL. E assim a propalada terceira via é interditada.

João Doria ao anunciar que vai concorrer à Presidência - Bruno Santos/Folhapress
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