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Soraya Smaili, Marcus David e Pedro Arantes

Covid-19: histórias de quem lutou pela vida

Painel apresenta frentes de atuação e iniciativas de universidades durante a pandemia

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Soraya Smaili

Farmacêutica e professora titular da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, é ex-reitora da universidade (2013- 2021) e coordenadora do Centro SoU_Ciência

Marcus David

Presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Pedro Arantes

Arquiteto e urbanista, é professor da Unifesp e coordenador do SoU_Ciência

​Na tragédia brasileira recente, aprofundada pelos erros do governo federal, coube a outros setores do Estado brasileiro atuar incansavelmente em defesa da vida. Além do SUS e profissionais na linha de frente, municípios e estados, atuaram decisivamente as universidades públicas e seus hospitais de referência na pesquisa científica em tempo real, na produção de informação confiável, na garantia de direitos e no fortalecimento de redes de solidariedade e amparo à população.

Foram sobretudo as universidades públicas brasileiras, com seus campi e hospitais universitários em mais de 500 municípios e em todas as regiões do país, que impediram que o rastro de negacionismo e destruição na pandemia fosse ainda maior.

Enquanto o governo afrontou evidências científicas, retardou a compra e aplicação das vacinas, produziu fake news e subfinanciou o SUS, atacando estados, municípios e desprestigiando os profissionais de saúde que atuavam na linha de frente em cenário de guerra, as instituições públicas do ensino superior fizeram história.

O Centro SoU_Ciência, em parceria com a Andifes (Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino) realizou uma pesquisa sobre o tema e lança nesta quarta-feira (29) um painel apresentando todas as frentes de atuação e iniciativas de nossas universidades federais, incluindo o que foi feito em hospitais e ambulatórios, institutos, centros e laboratórios de pesquisa e inovação tecnológica, além de ações sociais, de extensão e desenvolvimento de sistemas de monitoramento.

A partir desse levantamento, pudemos mapear as várias frentes relevantes e inovadoras de atuação das universidades federais, envolvendo milhares de professores, técnicos e estudantes. Elas ampliaram fortemente a tecnologia e a capacidade de atendimento da telessaúde, colaborando para reduzir a pressão nos hospitais superlotados, dando suporte ao SUS, e desenvolvendo novos sistemas e softwares.

Fizeram mapeamentos epidemiológicos, treinamento de pessoal, participaram de comitês estratégicos e de orientação às prefeituras e governos estaduais. Produziram materiais de comunicação e divulgação científica com informações confiáveis, combatendo as fake news e o negacionismo. Aceleraram pesquisas clínicas, terapêuticas e farmacêuticas para orientar prevenção e tratamentos baseados em evidências. Adaptaram laboratórios para a produção de insumos hospitalares, equipamentos de proteção individual e respiradores. Atuaram informando, levando alimentos e acolhendo populações em situação de vulnerabilidade, em especial idosos, indígenas, quilombolas e comunidades periféricas, em todas as partes do país.

A mobilização das universidades públicas, de estudantes, professores e cientistas foi e segue sendo uma impressionante reação ao obscurantismo, uma força pública e esclarecida em defesa da vida. Nestes anos, a ciência passou a ser reconhecida no Brasil como força ativa para a defesa da cidadania. Não à toa fomos um dos principais alvos de ataques das forças do atraso, com sistemáticos cortes orçamentários e vitimados pela guerra ideológica com acusações delirantes sobre o ambiente universitário.

O painel que agora lançamos mostra o que as universidades realmente fazem, mesmo submetidas a ataques e cortes. Permite o acesso a milhares de ações realizadas, em uma interface visual amigável, e conta com animações, gráficos, ilustrações, estudos de caso das boas práticas e categorias temáticas das iniciativas do conjunto das universidades federais.

A plataforma seguirá alimentada com novas informações, casos e análises até o final deste ano, incluindo em breve as universidades estaduais. Servirá como informação à população, para a defesa das instituições públicas de educação superior e como registro para os historiadores do futuro —que saberão distinguir quem esteve ao lado da vida ou ao lado da morte nesta encruzilhada trágica que vivemos.

A nossa atuação em defesa do povo brasileiro é um aprendizado que irá entrar para a história do país e, em especial, marcará a história de vida dos nossos estudantes. Na adversidade, mas com compromisso e lucidez, formamos nestes anos jovens cidadãos e profissionais marcados pela vivência desse mutirão nacional em defesa da vida. Eles já fizeram e farão a diferença na reconstrução do país que teremos pela frente e serão um farol para que tempos sombrios não voltem tão cedo a nos assombrar.

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