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Bate-boca

Agressividade perturba último debate antes do 1º turno, em detrimento do eleitor

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Presidenciáveis que participaram do debate promovido pela TV Globo - Ricardo Moraes/Reuters

O último encontro dos candidatos que disputarão o primeiro turno das eleições presidenciais refletiu não só as tensões da reta final da campanha, mas também a degradação sofrida pelo debate público nos últimos tempos.

Marcado por agressões, mentiras e interrupções, o evento realizado pela TV Globo na noite de quinta-feira (30) serviu de palco para que os presidenciáveis agradassem a suas torcidas com jogadas ensaiadas e pouco parece ter contribuído para o esclarecimento dos cidadãos ainda indecisos.

Parte do problema está no formato engessado do debate, com regras impostas pelos próprios candidatos e desrespeitadas por quase todos os presentes. Não houve perguntas de jornalistas, por exemplo, ao contrário do que ocorreu em edições anteriores.

As pesquisas mais recentes também ajudam a entender o que houve. Como a maioria já decidiu o voto e há chances de uma definição da eleição na primeira rodada, o objetivo principal dos dois candidatos principais era apenas tentar fazer o outro escorregar.

Jair Bolsonaro (PL) saiu-se melhor na tarefa. Em associação com Padre Kelmon (PTB), candidato-fantoche do bolsonarismo, conseguiu tirar o maior oponente do sério. Luiz Inácio Lula da Silva bateu boca com o nanico, em momento tão constrangedor que os organizadores bloquearam as câmeras que exibiam a altercação.

A agressividade entre o presidente e o petista obrigou os organizadores a conceder sucessivos direitos de resposta durante o evento, esticando sua duração e abrindo espaço para novos ataques.

Dois blocos se formaram durante o encontro televisivo, com Bolsonaro, Kelmon, Ciro Gomes (PDT) e Luiz Felipe D’Ávila (Novo), de um lado, e Lula e as senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) de outro.

Bolsonaro ignorou uma pergunta sobre suas ameaças golpistas, como se não fosse com ele. Quando Thronicke quis saber se o presidente respeitará o resultado das urnas mesmo se lhe for desfavorável, o inquirido desviou do assunto.

Apontado como favorito pelas pesquisas de intenção de voto, Lula voltou a oferecer respostas evasivas a questionamentos sobre os escândalos de corrupção que marcaram os governos do PT. O líder petista mais uma vez evitou apresentar planos para enfrentar as dificuldades econômicas que desafiarão o próximo presidente, preferindo cantar glórias passadas.

A superficialidade da discussão em geral foi um desserviço para os eleitores que ainda buscam elementos para a definição do voto. Aos que ficaram sem respostas satisfatórias caberá a decisão que importa no domingo (2).

editoriais@grupofolha.com.br

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