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O que a Folha pensa mudança climática

Oito bilhões de vidas

Preocupações ligadas à população global se deslocam da alimentação para o clima

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Estação de metrô na capital da China, país mais populoso do mundo - Jason Lee/Reuters

No próximo dia 15 de novembro, se as projeções mais recentes da ONU estiverem corretas, o planeta alcançará a portentosa marca de 8 bilhões de habitantes.

Desde que chegamos a 1 bilhão, por volta de 1800, nossa evolução demográfica avança aos saltos. Em 1960, o mundo já comportava 3 bilhões de pessoas, e bastaram mais 15 anos para os 4 bilhões.

Essa fase de expansão veloz, contudo, ficou para trás. Hoje nos encontramos numa era de desaceleração do crescimento populacional, com as estimativas assinalando aumento zero em 2086, quando atingiremos um pico de 10,4 bilhões.

No Brasil, essa janela deve se fechar antes. Tendo multiplicado sua população por aproximadamente 50 entre 1800 e 2000, o país deve chegar ao cume em 2040 —lamentavelmente, sem ter aproveitado o melhor momento demográfico para atingir o nível social e econômico dos países ricos.

Em termos mundiais, não foram poucos os avanços no desenvolvimento obtidos nas últimas cinco décadas, quando a humanidade dobrou de tamanho. A expectativa média de vida passou de 57,6 para 73,4 anos, e a mortalidade infantil regrediu de 93,4 a cada mil nascidos vivos para 26,7.

Entretanto esse progresso se deu de forma profundamente desigual ao redor do planeta e, cumpre lembrar, às custas de uma pressão inaudita sobre os meios naturais.

O pânico malthusiano do passado, que predizia a impossibilidade de aumentar a produção de alimentos no mesmo ritmo da população, parece superado diante dos saltos de produção propiciados pela tecnologia e da rápida queda das taxas de fecundidade.

Hoje, o fulcro das preocupações se deslocou para a crise climática. O incremento populacional previsto para as próximas décadas deve trazer, ao lado de um aumento do consumo, uma demanda crescente por energia —e justamente no momento em que o planeta precisará cortar as emissões provenientes de combustíveis fósseis.

Ao mesmo tempo, o aquecimento deve tornar desertas áreas hoje habitáveis, elevar o nível dos mares e aumentar a quantidade de eventos extremos, com impacto maior sobre os estratos mais pobres.

Como a revolução verde na agricultura demonstrou, é grande a capacidade humana de superar seus desafios existenciais. A janela de oportunidades para agir na questão climática, porém, vai se tornando, a cada dia, mais estreita.

editoriais@grupofolha.com

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