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A janela do clima

COP27 começará sob ceticismo, com emissões de carbono além do corte necessário

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Protesto contra o aquecimento global durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em 2021, na cidade de Glasgow (Escócia) - Andy Buchanan/AFP

Em poucos dias acontecerá no Egito a 27ª Conferência das Partes (COP27) da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima. Um total de 183 países prometeu elevar metas de redução de gases do efeito estufa, com relação aos compromissos de Paris (2015), mas o mundo caminha no sentido oposto.

A janela de oportunidade para mitigar o aquecimento global se estreita a cada ano, e já se passaram três décadas desde a adoção do tratado na Cúpula da Terra no Rio, em 1992. O objetivo acordado na capital francesa era conter a elevação da temperatura no teto de 2ºC, de preferência 1,5ºC (e 1,1ºC disso já ocorreu).

A faixa entre 1,5ºC e 2ºC representa o limiar de segurança para evitar eventos extremos como inundações, avalanches, secas e incêndios florestais, o que já se observa em vários pontos do globo. Para países como as Ilhas Maldivas, é questão de sobrevivência, em face da subida do nível dos oceanos.

Até 2030, o planeta precisa diminuir em 45% as emissões de carbono, causadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis. Nos últimos dez anos, elas seguiram em alta, ainda que o ritmo tenha recuado de 2,6% ao ano, na década anterior, para 1,1%.

Restam oito anos para equilibrar esse orçamento de carbono, e não pararia aí. Nos 20 anos subsequentes a redução deveria continuar para se chegar ao fim do século 21 dentro do limite de segurança.

A julgar pela tendência atual, isso beira o impossível. O Programa da ONU para o Meio Ambiente calcula que mesmo as revisadas contribuições nacionais ainda implicam aquecimento de 2,8ºC até 2100.

O Brasil caminha para trás. Nossa maior fonte de emissões está no desmatamento, sobretudo na Amazônia e no cerrado, que voltou a galopar no governo de Jair Bolsonaro (PL), cúmplice do agronegócio mais retrógrado.

Para piorar, o país deu uma espécie de pedalada ambiental. Sua meta é reduzir em 50% o carbono lançado até 2030, sobre os níveis de 2005. Cenário inverossímil, já que a emissão do ano de referência sofreu revisão, com a poluição climática permitida, em números absolutos, saltando de 1,2 para 1,6 bilhão de toneladas de CO2.

Mesmo que a meta global esteja distante, diversos governos têm focado na redução. O Brasil precisa segui-los por imperativo ético e pragmático, dado que o comércio impõe cada vez mais restrições a países recalcitrantes.

editoriais@grupofolha.com.br

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