No dia 1º de janeiro tomaram posse o presidente e o vice-presidente da República Federativa do Brasil. Perante dezenas de delegações estrangeiras, entre as quais a de Portugal, liderada pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
Esse ato altamente simbólico representa o início de um novo ciclo político, que interessa ao mundo e particularmente a Portugal.
Isso não significa que 2022 tenha sido um ano de pouca importância.
Ao convite brasileiro para se associar às comemorações dos 200 anos da Independência deste país, Portugal respondeu positivamente.
Das comemorações conjuntas, destaco a participação de Portugal como país convidado de honra na Bienal Internacional do Livro de São Paulo e a participação do presidente Marcelo Rebelo de Sousa na sessão solene organizada em setembro pelo Senado Federal do Brasil.
Da pesquisa científica à educação, da defesa à agricultura, da partilha de espaços estratégicos como a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) ou a Ibero-América, não faltam áreas em que a nossa cooperação é densa e intensa.
A língua comum é um ativo extraordinário. Pude testemunhar a concepção (enquanto presidente do Instituto Camões) e agora o nascimento, em 2022, do Instituto Guimarães Rosa. Certamente dará o que falar e terá um papel importante no futuro.
Extraordinário é também o crescimento da comunidade brasileira em Portugal e dos nacionais portugueses com origem no Brasil.
A comunidade brasileira é hoje a maior no nosso país. No Brasil, por via das aquisições de nacionalidade de descendentes até o terceiro grau, a comunidade portuguesa e lusodescendente está também a crescer.
Agora, o Brasil está a iniciar uma nova era.
Portugal foi o primeiro país que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou após a sua eleição. Em novembro, em Lisboa, encontrou-se com os nossos presidente da República e primeiro-ministro. Ali se anunciou o início de um novo ciclo nas nossas relações.
Neste ano retomaremos as Cimeiras bilaterais, que não se realizam desde 2016 (!). Serão, na ocasião, entregues os prêmios Camões a Chico Buarque e Paulina Chiziane, vencedores em 2019 e 2021.
Continuaremos a trabalhar juntos no âmbito da CPLP e da Ibero-América com o objetivo de maximizar o potencial que essas duas organizações nos oferecem no cenário internacional.
Queremos aprofundar as parcerias já existentes e explorar novas e prometedoras dimensões da nossa cooperação, como na área da saúde. E cuidaremos de tudo para facilitar e dinamizar investimentos portugueses no Brasil e investimentos brasileiros em Portugal. Promovendo o Portugal moderno e competitivo.
E porque, no fundo, são as pessoas que contam, queremos continuar a prestar os melhores serviços consulares às nossas comunidades e a todos os que nos procuram, apostando na qualidade e na inovação tecnológica.
Existem várias estruturas que colaboram conosco e que são importantes instrumentos de afirmação e divulgação do nosso país, complementando o trabalho da embaixada e da nossa rede consular, a maior de Portugal.
Desde as 18 Câmaras Portuguesas de Comércio —em breve 19—, passando pelas 8 Cátedras Camões, até os conselhos consultivos dos diversos postos consulares.
Os brasileiros que cada vez mais procuram o nosso país para estudar, fazer turismo, residir ou pesquisar e passam palavra sobre o país que somos. Os treinadores de futebol que trabalham diariamente com equipes do primeiro escalão de norte a sul do país (serão sete neste ano!). Todos contam —e muito.
É um privilégio, mas também um dever para o embaixador de Portugal e a sua equipe, trabalhar e interagir com todas essas estruturas.
Ao Brasil desejamos um ótimo ano, com a tranquilidade e paz que permitam enfrentar e superar os inúmeros desafios nacionais e internacionais que se colocam. Portugal cá estará.
Como diz o presidente Lula, o Brasil está de volta ao concerto das nações, com uma voz autorizada em matérias tão importantes como as alterações climáticas, a proteção dos oceanos ou a transição digital.
Ao Brasil do nosso contentamento, votos de um excelente 2023!
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