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O que a Folha pensa violência

Homicídios revelados

Cumpre elucidar mortes violentas, para fazer justiça e criar políticas públicas

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Armas apreendidas pela Polícia Cilvil do estado de São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

A partir do uso de um novo método de análise, o Atlas da Violência 2024 indica que o Brasil enfrenta dificuldades para determinar as causas de mortes violentas. Assim, o número de homicídios no país pode ser ainda maior do que o contabilizado oficialmente.

Publicado na terça (18) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estudo analisou 131,6 mil mortes violentas, entre 2012 e 2022, que o poder público não conseguiu definir como acidente, suicídio ou homicídio.

Do total, classificaram-se 51,7 mil como homicídios ocultos —casos com alta probabilidade de serem assassinatos. Tal cifra elevaria o número de homicídios no período de 609,7 mil para 661,4 mil.

Para identificar os homicídios ocultos, foi utilizada a chamada ferramenta de aprendizado de máquina (machine learning, em inglês), que encontra padrões em cada tipo de evento registrado (acidente, suicídio e assassinato) para determinar a provável causa de uma morte violenta indeterminada.

Assim, chega-se ao número de homicídios estimados —a soma dos homicídios registrados como tais nos bancos de dados do Ministério da Saúde e os ocultos.

Com o novo método, as estatísticas descortinam outra realidade. Em São Paulo, por exemplo, a mudança é notável. Se levada em consideração a taxa estimada de homicídios em 2022 (12 por 100 mil habitantes), em vez da registrada (6,8), o estado deixaria de ser a unidade federativa menos violenta do país, ficando atrás de Santa Catarina e do Distrito Federal.

Norte e Nordeste são as regiões mais problemáticas; nelas estão as dez capitais com maiores índices de homicídios estimados em 2022. Salvador (66,4 por 100 mil habitantes), Macapá (55,8) e Manaus (55,7) lideram o ranking funesto.

Esclarecer as causas de mortes violentas é fundamental tanto para as famílias das vítimas, que buscam justiça, quanto para os governos, que necessitam de diagnósticos precisos sobre segurança. Sem eles, políticas públicas para o setor estão fadadas à ineficiência.

editoriais@grupofolha.com.br

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