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Servidores custosos

Governo Lula ensaia redução de salários iniciais, o que deveria ser aprofundado

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Esther Dweck, ministra da Gestão - Pedro Ladeira/Folhapress

Salários acima da média do mercado para profissionais de qualificação semelhante não são a única distorção que torna caro em excesso o serviço público brasileiro, especialmente em âmbito federal.

Há muito se observa também que as remunerações iniciais nos diferentes setores do funcionalismo estão muito próximas das do topo das carreiras. Trata-se de uma situação que favorece os servidores, mas não a gestão do Estado.

Um recém-concursado para o cargo de analista do Banco Central, por exemplo, ingressaria hoje no órgão recebendo R$ 20.925 mensais —o que o colocaria de imediato no alto da pirâmide social de um país onde a renda média do trabalho é de R$ 3.214. Chegando ao auge da carreira, o valor sobe para R$ 29.833.

De um piso já elevado para o topo dos vencimentos, o caminho é curto —em muitos casos pode não passar de 13 anos, como disse a ministra Esther Dweck, da Gestão, em entrevista à Folha.

Com tal desenho, que se repete em graus variados por toda a administração, o profissional não apenas é custoso em demasia ao erário como tem pouco incentivo para se dedicar à carreira.

Não por acaso, uma das providências de reforma administrativa mais defendidas pelos estudiosos, e apoiada por este jornal, é a redução dos salários iniciais no serviço público. O governo petista, embora organicamente ligado às corporações, enfim dá passos iniciais nesse sentido.

Em acordos para a reestruturação de carreiras, o ministério de Dweck tem incluído remunerações de entrada menores. No exemplo deste texto, os futuros analistas do BC começarão recebendo R$ 18.034 (13,8% a menos que hoje) —porém já com previsão de reajuste do valor para R$ 20 mil em maio de 2026. Fala-se ainda em elevar a 20 anos o período do piso ao topo.

Medidas do tipo deveriam ser mais ambiciosas, controlando também os salários mais altos, o que é difícil num governo de tantos laços com o sindicalismo. Fica demonstrado, de todo modo, que se pode avançar na reforma sem depender só de mudanças politicamente intrincadas na Constituição.

editoriais@grupofolha.com.br

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