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Fim do BlackBerry bateu forte em leitores da Folha

Revolução na comunicação é qualidade mais citada por fãs da marca, ícone dos anos 2000

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São Paulo

O mundo nem sempre foi tão instantâneo como pode parecer para os mais jovens. Os celulares BlackBerry foram pioneiros em causar essa impressão. De qualquer lugar, a qualquer hora, eles possibilitaram, no início deste século, a troca de mensagens por email, os já quase nostálgicos SMS (ou Short Message Service, na sigla em inglês), e o acesso a aplicativos.

Nesta semana, a marca anunciou o fim do serviço de smartphones corporativos, que já têm seu lugar garantido na história. Agora, o que resta é a saudade –é o que mostram relatos de leitores da Folha que compartilharam suas experiências.

Para o publicitário Marcio de Araujo Silveira, 51, de São Sebastião (SP), os aparelhos com teclados qwerty pequenos fizeram uma verdadeira revolução. Marco Antônio Fioravante, 51, acrescenta que, além da rapidez, eles eram seguros. "Ainda tenho meu último celular da marca", conta o advogado de Brasília (DF).

Foi usando um aplicativo de mensagens instantâneas famoso na época, o Messenger, que Felipe Jardini, 40, comemorou a estreia de sua experiência com a BlackBerry, em 2008. "Sabe de onde estou escrevendo?", enviou, incrédulo, de dentro de um táxi em movimento nos Estados Unidos para seu amigo que estava no Brasil. O jornalista morava no exterior e decidiu adquirir o ‘’top’’ da época.

Em relatos, usuários sugerem que atuais aplicativos de conversa podem ser versões aprimoradas das tecnologias apresentadas pela companhia. As trocas de mensagens em tempo real e a confirmação de recebimento antigamente eram grandes acontecimentos, explica Jorge Lacerda, 55, de Florianópolis (SC). Para ele, softwares como WhatsApp são cópias adaptadas para funcionar em qualquer aparelho.

Os celulares da empresa fizeram tanto sucesso que, além de defender seu pioneirismo, há quem acredite que nunca mais houve modelos capazes de oferecer a mesma facilidade e conforto. O estatístico Hafiz Gualda Farah, 52, de São Paulo (SP), é um exemplo. Pedro Henrique Peluzo Ribeiro, 26, também é fã dos aparelhos e foi pego de surpresa pela notícia, na terça-feira (4). "Comprei um [modelo] Q10, que chegou ontem [dia 5]", diz o contador de Belo Horizonte (MG), que, por confiar na marca, havia acabado de investir em um telefone para reserva.

Com o boom de modelos smartphone, especialmente a popularização dos iPhones com tela sensível ao toque, a BlackBerry já mudava o rumo de suas atividades. Por isso, mesmo adeptos da marca, como o jornalista Antonio Soares de Oliveira, 26, de Porto Alegre (RS), admitem que sem a implementação de novas tecnologias não há motivos para continuar com ela.

Para quem lamenta a extinção dos aparelhos preferidos de toda uma era, o aposentado Rui Osvaldo Gatto, 75, de Campinas, São Paulo, alerta: não vai passar. Acostumado a trabalhar com o apoio do BlackBerry, ele já sofreu com sua ausência antes. "Quando a marca teve problemas, fomos forçados a deixar o serviço, o que fez muita falta no dia a dia. Os celulares funcionam, mas não com sua agilidade", conta.

Em 2020, a companhia já havia afirmado que encerraria os serviços legados dos sistemas operacionais BlackBerry 10 e BlackBerry OS e dispositivos que os executam não seriam mais suportados. A companhia chegou a dizer que os aparelhos não seriam capazes de receber ou enviar dados, fazer chamadas telefônicas ou enviar mensagens de forma confiável. Chegou a hora de deixar esse hit para trás, com saudade ou sem.

Marca fez história. (Photo by Damien MEYER / AFP) ORG XMIT: DAM2062 - AFP
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