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Apple torna-se primeira empresa a atingir US$ 3 trilhões em valor de mercado

Fabricante do iPhone valorizou-se em US$ 1 trilhão em menos de 16 meses, com demanda extra durante a pandemia

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Patrick McGee
San Francisco | Financial Times

A Apple tornou-se a primeira companhia a alcançar um valor de mercado de US$ 3 trilhões (R$ 17 trilhões), depois que seu valor aumentou US$ 1 trilhão em menos de 16 meses, enquanto a pandemia de coronavírus turbinava as big techs.

A fabricante do iPhone se tornou uma empresa de US$ 1 trilhão em agosto de 2018, e dois anos depois foi a primeira companhia avaliada em US$ 2 trilhões. Nesta segunda-feira (3), suas ações subiram 3%, para mais de US$ 182,86 (R$ 1.036,82), levando-a ao novo patamar.

A Apple perdeu por um breve período seu título de companhia mais valiosa do mundo para a Microsoft no final de outubro do ano passado. No entanto, uma forte recuperação em novembro restituiu sua coroa. Ela subiu mais no final de 2021, e acrescentou US$ 500 bilhões (R$ 2,8 trilhões) a seu valor de mercado desde 15 de novembro.

Logo da Apple em loja da empresa em Paris, na França - Gonzalo Fuentes - 15.jul.2020/Reuters

Só algumas companhias estão avaliadas hoje em mais de US$ 1 trilhão, incluindo Tesla e Amazon. A matriz do Google, Alphabet, e a gigante do petróleo Saudi Aramco valem cada uma cerca de US$ 2 trilhões. O valor de mercado da Microsoft ainda está em torno de US$ 2,5 trilhões, de acordo com seu tamanho quando superou a Apple em capitalização de mercado no ano passado.

A ação da Apple subiu mais de 30% em 2021, quando a companhia manejou habilmente a crise da cadeia de suprimentos e se beneficiou da demanda extra durante a pandemia por iPhones, Macs e iPads entre funcionários de escritórios que modernizaram seus "home offices".

A ação saltou no início de dezembro, depois que analistas do Morgan Stanley aumentaram sua meta de preço em 12 meses para US$ 200 (R$ 1.126), afirmando que seus prováveis dispositivos de realidade aumentada e virtual ainda não foram totalmente precificados.

A Moody's também atualizou a Apple para AAA em dezembro, tornando-a a terceira companhia do mundo com essa avaliação pela agência, juntamente com a Microsoft e a Johnson & Johnson. A S&P Global ainda dá à Apple AA+, um grau abaixo de AAA.

Tom Forte, analista da DA Davidson, disse que o entusiasmo dos investidores pela Tesla e os veículos elétricos também está influenciando a ação da Apple, na esperança de que a fabricante do iPhone entre na indústria de carros nos próximos cinco anos.

Também houve forte atividade em torno da Apple nos mercados de derivativos, enquanto os corretores apostavam que a ação continuaria subindo.

O valor de mercado da Apple cresceu agora quase US$ 2,7 trilhões (R$ 15,3 trilhões) em uma década sob a liderança de Tim Cook, fato que surpreendeu os críticos que questionaram suas credenciais depois que ele assumiu o cargo de Steve Jobs.

O sucesso de Cook aumentou desde então, com sua capacidade de administrar nos bastidores as cadeias de suprimentos, escalar produtos e evitar ameaças políticas em Washington, Bruxelas e Pequim.

"Cook era considerado uma aposta segura, mas muito conservadora", disse Ben Wood, analista chefe da CCS Insight. "Mas o que ele entregou foi simplesmente surpreendente. Ele tornou a franquia iPhone a peça mais lucrativa da indústria eletrônica na história."

A analista do Morgan Stanley Katy Huberty comentou que o preço da ação da Apple subiu cerca de 500% só nos últimos cinco anos, superando o S&P 500, que ganhou cerca de 105% no mesmo período.

Em consequência, a Apple hoje é negociada a uma proporção historicamente alta entre preço e rendimento, acima de 30, contra uma média de três anos de 23,4, segundo a DA Davidson.

Mas poucos analistas acreditam que a ação esteja em território de bolha. Dos 45 analistas que cobrem a Apple, 35 a classificam como "compra" e dois como "venda", segundo a Bloomberg.

A previsão agressiva reflete como a Apple foi reavaliada por Wall Street para levar em conta seu crescente negócio de serviços, de alta margem, que entregou receitas recorrentes e cortou sua dependência dos ciclos de troca do iPhone.

A Apple, que teve receitas de mais de US$ 1 bilhão por dia no ano financeiro que terminou em setembro, hoje tem 745 milhões de assinantes de uma série de serviços em crescimento, incluindo streaming de música, vídeo e fitness "on demand" e cobertura de garantia.

No último ano seu setor de serviços respondeu por quase US$ 70 bilhões (R$ 397 bilhões) em receitas, o dobro da de quatro anos atrás. As margens da unidade no último trimestre alcançaram uma alta recorde de 70,5%, mais que o dobro de sua margem sobre as vendas de hardware, segundo a Evercore ISI.

Entre os maiores riscos para a Apple e o preço de sua ação está o de que os pilares de seu negócio de serviços seja perturbado por mudanças de políticas. Legisladores em Washington levantaram perguntas sobre o pagamento anual estimado em US$ 8 bilhões a US$ 12 bilhões (R$ 45 bilhões e R$ 67,5 bilhões) que a Alphabet dá anualmente para ter o Google Search como padrão em seus dispositivos, enquanto muitos outros visaram o modelo de negócios da App Store de cobrar comissão de 15% a 30% em algumas transações.

Até agora, a Apple saiu relativamente ilesa. Nos Estados Unidos, a Epic Games processou a Apple no ano passado por supostamente operar um monopólio ilegal, mas a Epic perdeu nove de dez acusações. Quando a Apple apelou da única que perdeu, um tribunal superior aceitou seu pedido e adiou a ordem do inferior de abrir a App Store para plataformas de pagamentos rivais.

Enquanto isso, a Apple também diversificou suas ofertas de hardware substancialmente, em acessórios como Airpod, Apple Watch e outros.

Huberty comentou que os Wearables quase não existiam em 2014, mas hoje "são um negócio de US$ 38 bilhões —o tamanho de uma empresa da Fortune 120".

(Colaboraram Joe Rennison e Eric Platt)

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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