Jair Bolsonaro (PL) tinha conhecimento do suposto esquema montado para fraudar cartões de vacinação contra a Covid-19 que teve o próprio ex-presidente como beneficiário, segundo a acusação da Polícia Federal —o ministro Alexandre de Moraes, do STF, concordou com a tese ao determinar uma operação que teve Bolsonaro entre os alvos de busca e apreensão nesta quarta (3).

A PF apontou o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, como principal articulador do esquema, e Moraes apontou que não é crível que Cid tenha agido sem anuência do chefe. O militar foi um dos seis presos nesta terça.

O esquema teria fraudado, por intermédio da prefeitura de Duque de Caxias (RJ), os registros de vacinação de Bolsonaro, da filha dele e do próprio Cid. O objetivo da operação, em dezembro de 2022, seria viabilizar viagens aos Estados Unidos burlando restrições sanitárias do país —o ex-presidente foi para a Flórida dias antes do fim do mandato.

A investigação acontece dentro do inquérito das milícias digitais, que tem Moraes como relator no STF. Bolsonaro foi intimado a depor, mas não compareceu à PF. O ex-presidente promoveu uma intensa campanha de descrédito da imunização contra a Covid quando esteve no poder; em entrevistas nesta quarta, ele reafirmou que não se vacinou e negou fraudes. Cid ficou em silêncio em depoimento.

No episódio desta quinta (4) do Café da Manhã, a colunista da Folha Mônica Bergamo detalha o cerco jurídico a Bolsonaro e discute o impacto político da operação da PF.

O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando acima. Para acessar no aplicativo, basta se cadastrar gratuitamente.

O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelos jornalistas Magê Flores e Gustavo Simon, com produção de Laila Mouallem e Priscila Camazano. A edição de som é de Thomé Granemann.