Aliar-se a PT em Minas é incoerência do MDB, diz deputado

Rodrigo Pacheco, que presidiu a CCJ em votação de denúncia contra Temer, cogita deixar sigla

Belo Horizonte

A decisão do MDB de Minas Gerais de adiar a definição sobre ter candidatura própria ao Estado para maio, após o prazo de trocas partidárias para a eleição, aproximou do DEM o deputado federal e pré-candidato Rodrigo Pacheco (MDB-MG).

Deputado federal Rodrigo Pacheco (MDB-MG), pré-candidato ao governo de Minas
Deputado federal Rodrigo Pacheco (MDB-MG), pré-candidato ao governo de Minas - Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Em entrevista à Folha, Pacheco diz que manter a aliança com o PT do governador Fernando Pimentel seria uma “incoerência do MDB em nível nacional”. Ele é cogitado como o nome de oposição capaz de fazer frente ao petista, que busca reeleição, e de cobrir o vácuo do PSDB.

Aliado do senador Antonio Anastasia (PSDB), Pacheco evita admitir o apoio eventual do senador Aécio Neves (PSDB), manchado pelo episódio da JBS, embora defenda uma “soma de esforços da oposição”. Nesta semana, os tucanos de Minas decidiram lançar candidato próprio.

Pacheco ganhou projeção ao presidir a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara durante as votações das denúncias contra o presidente Michel Temer (MDB).

Em 2016, após financiar 79,9% da sua campanha para a Prefeitura de Belo Horizonte, o deputado, que ainda atua como advogado, ficou em terceiro lugar. 

 

Folha - Há uma divisão no MDB de Minas. O que o sr. defende?

Rodrigo Pacheco - Defendo a candidatura própria do MDB como único caminho possível, lógico e razoável diante do cenário atual de absoluta falência do Estado. Há uma ala do partido que no fundo deseja a coligação com o PT.

O sr. pode deixar o partido?

Vejo muita dificuldade da permanência caso a linha seja a da coligação com o PT. Se houver muita insegurança em relação a isso, talvez o caminho seja a minha saída.

Qual o papel da direção nacional do MDB? É válido proibir a aliança com o PT?

Não sei se proibir, até porque o partido tem que preservar o aspecto democrático. Vejo a executiva nacional um tanto omissa nas questões de Minas. A aliança com o PT é defendida até por conveniência e coligação, mas eu considero que o MDB com essa postura se acovarda.

O que caberia à direção para não ser omissa?

A partir de um processo de convencimento, de diálogo e de amadurecimento, estabelecer qual é o plano nacional do partido e demonstrar que a coligação com o PT em Minas define uma grande incoerência em nível nacional.

E o convite para o DEM?

Fiquei contente e honrado. Vou decidir em março.

O sr. conversa com o grupo do senador Aécio Neves (PSDB-MG). O sr. aceitaria a aliança?

Eu tenho mantido diálogo com todas as forças políticas de oposição. Isso inclui o PSDB. Nós temos que estabelecer uma soma de esforços para poder fazer uma oposição que vença as eleições contra o PT.

O sr. estaria no palanque com Aécio, caso ele concorra?

Preciso definir quais partidos estariam conosco e, a partir desse cenário, definir as posições na chapa. 

Mas é uma possibilidade?

Não gostaria de tratar como uma possibilidade neste momento.

Existe uma reclamação de que Temer abandonou Minas.

Essa reclamação também é minha. Pela primeira vez na história não temos um ministro. Quero crer que o governo federal possa nesse último ano remediar de algum modo esse saldo negativo.

Minas, em crise financeira, corre o risco de virar o Rio?

Não tenho dúvida. Se o governo mantiver as políticas e eventualmente numa reeleição, muito em breve teremos a realidade do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul em termos econômicos e sociais.

Qual a opinião do sr. sobre a intervenção militar?

Tem o meu apoio, considerando a excepcionalidade dessa situação.

O sr. financiou 80% da sua campanha em 2016 e o TSE liberou o autofinanciamento irrestrito. É justo?

Talvez ter um limitador fosse algo mais equilibrado justamente para evitar que os candidatos com melhores condições econômicas possam ter algum tipo de vantagem.

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