Descrição de chapéu sao-paulo-estado

Doria diz que ele e Márcio França, vice de Alckmin, estão em 'campos opostos'

Segundo o prefeito, que é pré-candidato do PSDB ao Bandeirantes, o governador está junto com ele

Isabel Fleck
São Paulo

O prefeito de São Paulo, João Doria, que nesse domingo (18) venceu as prévias do PSDB para disputar pela sigla o governo de São Paulo, disse nesta segunda (19) que ele e o vice-governador, Márcio França (PSB), estão em “campos opostos”.

França assumirá o governo após a saída de Geraldo Alckmin, em 6 de abril, para o tucano disputar a Presidência, e concorrerá à reeleição por seu partido, o PSB. 

Doria aponta para o alto ao lado de eleitora e criança durante inauguração da reforma da praça 14 Bis, no centro de São Paulo, no dia seguinte às prévias que definiram sua candidatura pelo PSDB ao governo de São Paulo
Prefeito inaugura reforma da praça 14 Bis, no centro de São Paulo, ao lado da aposentada Lúcia Costa, que exaltou Doria como "governador" - Eduardo Anizelli/Folhapress

“Eu também respeito o vice-governador Márcio França, mas estamos em campos opostos, principalmente depois de ele receber o apoio explícito —e agradecer— do PDT do Ciro Gomes, do PC do B e também [pelo fato] de o seu próprio partido, o PSB, estar alinhado com o PT nas regiões Norte e Nordeste do país, e em outras regiões, defendendo o [ex-presidente] Lula ou os outros criminosos do PT”, disse Doria ao inaugurar parte da Praça 14 Bis restaurada.

Segundo o prefeito, no momento em que França se tornar governador e candidato, seus campos serão “ideologicamente opostos”.

Questionado se isso não seria um problema para Alckmin, que terá um palanque duplo em São Paulo —com Doria e seu atual vice—, o prefeito disse que, para ele, não seria. 

“Não sei se é um problema para o governador Geraldo Alckmin, mas para mim não é um problema. Eu tenho campo e tenho opção. É muito clara a minha visão: eu não me alio a ninguém da esquerda, nem de esquerda nem da extrema direita”, afirmou.

O pré-candidato tucano ao governo disse ter recebido um telefonema de Alckmin nesta manhã afirmando que os dois estarão juntos e que já combinaram de se encontrar até o fim desta semana para combinar o “alinhamento” das campanhas. 

“A primeira ligação que eu recebi [de manhã] foi do governador Geraldo Alckmin me cumprimentando e dizendo ‘agora juntos, a sua candidatura é a candidatura do PSDB’”, afirmou. “A partir de 7 de abril [depois de deixarem seus atuais cargos], faremos campanha juntos aqui na capital, na região metropolitana, no litoral e no interior de São Paulo.”

Mais cedo, em outro evento, ao ser questionado se estará ao lado de Doria ou França no palanque, Alckmin afirmou que apoiará Doria. “O candidato do meu partido é o João Doria. Portanto, estaremos juntos."

Sobre a composição de sua chapa para as eleições de outubro, Doria disse que o vice será do PSD, de Gilberto Kassab, mas que o nome ainda não foi definido. “Isso já está claro, já está definido. O nome não, o partido sim." 

PRÉVIAS

Doria disse que o secretário estadual e deputado federal Floriano Pesaro e o empresário Luiz Felipe D’Ávila, que concorreram com ele pela candidatura do PSDB ao governo nesse domingo, o procuraram para parabenizá-lo pela vitória. O prefeito venceu com 80% dos votos. Pesaro teve 7,31% e D’Ávila, 6,59%.

“O único que não fez isso, que aliás guarda amargura no seu coração e muitas derrotas ao longo da sua vida, sobretudo recentemente, foi o Zé Aníbal”, disse Doria, referindo-se ao suplente de senador José Aníbal, que teve 5,98% dos votos.

O prefeito alfinetou o ex-oponente, dizendo esperar que Aníbal reavalie “sua amargura o seu destempero verbal”. “Ou então peça para sair. Vai encontrar um partido que seja tão amargurado quanto ele”, afirmou.

José Aníbal foi o pré-candidato mais crítico a Doria desde que o prefeito formalizou sua intenção de concorrer ao governo do estado.

CAMPANHA

No evento em que inaugurou uma parte restaurada da praça 14 Bis —trabalho feito pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) em parceria com a prefeitura—, Doria foi chamado mais de uma vez de "governador" pelo público presente.

Antes de começar a discursar, ele respondeu com um "obrigado, amiga" a uma mulher que gritou "bom dia, governador".

Mais cedo, a aposentada Lúcia de Paula Costa, 64, que é filiada ao PSDB e disse ter trabalhado na gestão de Mário Covas, morto em 2001, como governador (1995-2001), puxou um "viva o governador" quando Doria posava ao lado de uma estátua colocada no local.

Depois ela trouxe o neto da vizinha, Pedro, 3, para receber um beijo na testa do prefeito. "O Doria tem boas intenções. O povo reclama muito, fala muito, mas não dá para fazer em pouco tempo tudo", disse Costa, que afirmou não ter se chateado com a decisão do tucano de deixar a prefeitura para concorrer ao Bandeirantes.

Questionado sobre como evitar que, nos próximos 20 dias que tem até até deixar o cargo, eventos como esses não sejam encarados como atos de campanha, Doria discutiu com uma repórter do portal UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha.

"Vocês gostam de forçar muito a barra. Não há nenhuma campanha eleitoral, estou inaugurando uma praça pública aqui", disse. "Era só que faltava, vocês querem censurar povo também? Já não basta a censura em relação a mim, agora você, o UOL, quer censurar e penalizar o povo, é isso que vocês querem?", completou, visivelmente irritado.

Em seu discurso, Doria se limitou a falar sobre as melhorias na praça, que tem agora equipamentos de ginástica e passou mais de dois minutos falando do "cachorródromo" que ficará abaixo do viaduto da Avenida 9 de Julho. 

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