Amigos e acadêmicos exaltam obra de Paul Singer

Economista e fundador do PT foi enterrado nesta terça-feira

Lideranças do PT e acadêmicos se reuniram na manhã desta terça feira (17) no velório do economista Paul Singer no Cemitério Israelita do Butantã. Um dos fundadores do partido,  Singer morreu na noite de segunda (16), aos 86 anos, em São Paulo.

 

"Ele foi a pessoa mais generosa que conheci. Esteve sempre disponível para as mais variadas tarefas, muito atencioso com seus alunos. Era um professor no sentido pleno da palavra. Foi meu orientador na Faculdade de Economia da USP", disse Fernando Haddad (PT), ex-prefeito de São Paulo.

Da vasta produção de Singer, o ex-prefeito destacou os trabalhos relacionados ao conceito de economia solidária. "Ele esteve sempre em busca de formas alternativas de organização da produção. Queria expandir as possibilidades do trabalhador se desenvolver", declarou. 

Ex-presidente do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), o filósofo José Arthur Giannotti destacou a antiga amizade com Singer, embora tenha se tornado um intelectual mais próximo do PSDB enquanto o economista alinhou-se aos  petistas.

"Nos conhecemos nos anos 50, no grupo de estudo de Marx. Ele foi dali um dos mais militantes, que punha mesmo a mão na massa. Eu sempre fui mais da teoria. Todos nós fazíamos a crítica do capitalismo", declarou.

Gianotti disse que as diferenças políticas nunca afetaram a relação entre eles. "Havia essa diferença política entre nós. Então quando nos víamos tratávamos de outros assuntos. Jovens falam de mulher, velhos falam de livros", declarou.

Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto declarou que a morte de Singer foi uma perda gigantesca para o PT e o país.

"Era uma pessoa muito doce, muito amigável. Num mundo tão intolerante, é uma perda gigantesca. Ele foi atuante até o fim, um exemplo para todos."


Okamotto também afirmou que a notícia da morte de Singer certamente deixará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, consternado. "Se Lula estivesse livre, ele estaria aqui hoje, prestando homenagem."

Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Rousseff, disse que Singer foi um dos grandes economistas do país.

"Foi uma enorme influencia em várias gerações. Teve uma visão de economia solidária em benefício dos mais pobres. Era um exemplo de pessoa", afirmou.

Assessor especial da Presidência da República no primeiro mandato de Lula, Bernardo Kucinski descreve Singer como “um homem justo, uma pessoa de bons sentimentos, que tentou mudar o mundo de maneira civilizada”. “Infelizmente vivemos um momento em que pessoas como ele são hostilizadas por serem ligadas ao lulismo.”

André Singer, cientista político e colunista da Folha, declarou que o pai teve profundo amor pelo Brasil e pela Justiça social. "Dedicou a vida inteira a esses dois amores, viveu a vida inteira esta batalha. Esses dois aspectos formam um bom resumo de sua vida."

Paul Singer também era pai de Helena e Suzana, ex-ombudsman da Folha e atual editora de Treinamento do jornal.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.