Protestos contra habeas corpus de Lula têm oração e mensagens de apoio a Moro

Convocados pelo MBL, protestos pedem prisão para petista; STF julga na quarta se concede benefício

Rio de Janeiro , Salvador e Curitiba
 

Manifestantes reuniram-se em capitais como Curitiba, Rio de Janeiro e Salvador em protestos que tiveram carreatas, discursos contra ministros do supremo, orações e até uma suposta mensagem do procurador Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava Jato. 

Em Curitiba, manifestantes se reuniram na noite desta terça-feira (3), na praça Pedro Alexandre Brotto, em frente à Justiça Federal. O ato foi organizado por grupos como o MBL, o Vem pra Rua e o Lava Togas.

 

Um membro da organização pediu que os manifestantes fizessem uma prece para que o STF rejeite o habeas corpus interposto pela defesa de Lula. Ele afirmou que o procurador Deltan Dallagnol enviou-lhe uma mensagem: "Meu amigo, é uma luta contra gigantes e cada um tem seu papel nela."

No domingo (1°), Dallagnol disse no Twitter que estará em jejum, oração e torcendo pelo país até o julgamento. 

"A gente é corrupto ou a gente é cidadão de bem?", perguntou uma mulher do carro de som. "É verdade ou não é, que todo poder emana do povo? Exigimos o impeachment daqueles 11 ministros do Supremo Tribunal Federal!", gritou, sendo ovacionada.

Em meio a buzinas, rojões e bandeiras do Brasil, ambulantes vendiam bonecos "pixulecos" e camisetas com a inscrição "Moro, República de Curitiba". Referências ao juiz também apareceram nas camisas de alguns manifestantes: "In Moro we trust".

Entre os cartazes, "Lula ladrão, em Curitiba não! Aqui só se for na prisão". Assinado pelo MBL, um deles fugia do tema do protesto: "Auxílio moradia vergonhoso e imoral. Pelo fim dos privilégios".

Enquanto um dos organizadores rezava o Pai Nosso do alto do carro de som, acompanhado pelos presentes, um homem arrastava um boneco de um presidiário, com bolas nos pés.

Disse que o boneco representava Lula: "Com a cerveja na mão, sem um dedo. Estou levando para o cemitério".

O protesto em frente à Justiça Federal terminou por volta das 21h. 

Manifestantes também se reuniram no início da noite na Boca Maldita, ponto tradicional da cidade, no centro. Este ato teve entre os organizadores Curitiba Contra Corrupção, Mais Brasil eu Acredito e UFPR Livre.

RIO E SALVADOR

No Rio, os manifestantes se reuniram em frente ao posto 5 da orla de Copacabana. Segundo a Polícia Militar, cerca de 3.000 pessoas participaram do ato.

Coordenador estadual do MBL no Rio, José Maria Filho disse que a manifestação não tem como alvo o ex-presidente. "Tem gente que vai gritar 'Fora Lula', mas a questão é muito mais abrangente. Nós entendemos que a decisão do STF vai gerar jurisprudência [contra a prisão em segunda instância]." 

Do alto do carro de som, os organizadores do ato do MBL puxaram gritos contra o ex-presidente. "Lula cachaceiro, devolve o meu dinheiro" e "Lula ladrão, seu lugar é na prisão" foram entoados pelos manifestantes. O ex-governador Sérgio Cabral também foi alvo de críticas.

"O STF está brincando com a população brasileira. Virou uma instituição ditatorial. [Os ministros] foram escolhidos pelo PT. Está aparelhado", disse uma das manifestantes no microfone. 

No carro de som do Vem Pra Rua, o humorista Marcelo Madureira criticou o STF e chamou o ministro Gilmar Mendes de escória da brasilidade: “Caso [o STF] queira passar uma borracha na Lava Jato, as consequências são inimagináveis”.

O protesto no Rio foi encerrado por volta das 20h.

Em Salvador, uma carreata foi organizada em protesto em favor da prisão de Lula. Cerca de 200 carros enfeitados com bandeiras e balões em verde e amarelo concentraram-se no bairro da Boca do Rio, orla de Salvador, de onde seguiriam até o Farol da Barra.

“Estamos levando ao Supremo a mensagem do povo brasileiro. Os ministros [do STF] não serão irresponsáveis em tomar uma decisão que vá contra o desejo do povo”, diz o médico e vereador Cezar Leite, ligado ao MBL.

Ana Luiza Albuquerque, Luís Costa e João Pedro Pitombo
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