Protesto em Brasília critica Gilmar e pede Lula preso

Para o protesto de quarta são aguardadas 20 mil pessoas de ambos os lados

Gustavo Uribe Angela Boldrini
Brasília

Sob chuva torrencial, manifestantes favoráveis à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobraram nesta terça-feira (3) que o STF (Supremo Tribunal Federal) não conceda habeas corpus ao petista. 

Eles se reuniram em frente ao Congresso Nacional no início da noite. O julgamento do pedido da defesa de Lula está marcado para esta quarta-feira (4). 

Segundo a Polícia Militar, por volta das 19h, antes de a tempestade começar, cerca de 1.500 pessoas se reuniam no local. Os atos foram convocados pelos movimentos Vem Pra Rua, MBL, Limpa Brasil, entre outros.  Os organizadores afirmam ter reunido 3.000 pessoas. 

Os grupos ganharam notoriedade ao convocar manifestações pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Além de cobrar a prisão de Lula, fizeram críticas ao ministro do STF Gilmar Mendes. 

Homem monta grades de segurança no gramado do Congresso Nacional
Esquema de segurança na esplanada dos ministérios para o julgamento do HC (habeas corpus) do ex-presidente Lula no STF - Pedro Ladeira /Folhapress

Nesta terça, Mendes afirmou que a condenação de Lula “mancha a imagem do país”. Uma das placas do protesto chamava o ministro de traidor. “Gilmar Mendes, no nosso entendimento, está a serviço dos bandidos e ele deveria estar a serviço da Justiça”, disse Ricardo Noronha, líder do Limpa Brasil. 

Para a líder do Vem Pra Rua, Celina Gonçalves, a manifestação trata de “um combate à impunidade no país e à necessidade de cumprimento de prisões em segunda instância”. “O país está passando por uma crise de confiabilidade. Não é Lula na cadeia só. É Lula e todos os condenados na cadeia.” 

Até as 18h30, manifestantes ainda chegavam ao protesto. Porém, quando a chuva intensificou-se, houve dispersão e os manifestantes se abrigaram sob as marquises dos ministérios da Esplanada. 

Para o protesto de quarta são aguardadas 20 mil pessoas de ambos os lados, segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF. 

Além das tradicionais bandeiras do Brasil e pixulecos, manifestantes também portavam cartazes com dizeres como “STF: Rabo preso, bandido solto” e “STF faça justiça”. 

As palavras de ordem repetiam os protestos da época do impeachment. Além de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”, manifestantes entoavam “fora petista, bolivariano, a roubalheira do PT tá acabando” e “eu to na rua para derrubar o PT”. 

Muitos vestiam camisetas de apoio ao pré-candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que eram vendidas por ambulantes. O juiz federal Sergio Moro, responsável pela condenação de Lula na primeira instância, também foi homenageado em placas, gritos e camisetas. 

A polêmica série da Netflix “O Mecanismo”, de José Padilha, também apareceu nos cartazes. Ela foi criticada pela esquerda por ter atribuído a Lula frase crítica à Lava Jato proferida pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR) e por ter situado o escândalo do Banestado, ocorrido nos anos 1990, no governo petista. 

Em outro dos cartazes houve a defesa de uma intervenção militar caso Lula não seja impedido de concorrer nas eleições. A defesa, contudo, foi feita apenas por uma minoria dos manifestantes. 

Deputados federais também apareceram na manifestação, que foi realizada a poucos metros do Congresso Nacional. Os tucanos Eduardo Cury (SP) e João Gualberto (BA) e Jerônimo Goergen (PP-RS) passaram pelo protesto. 

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.