Descrição de chapéu economia

Em vídeo do governo, homem se salva de afogamento para dizer que economia melhorou

'No fundo, você sabe que melhorou', diz peça em comemoração aos dois anos de governo Temer

Talita Fernandes
Brasília

O governo federal usou a analogia de uma pessoa embaixo d'água tentando achar uma forma para respirar para descrever a trajetória da economia brasileira há dois anos até hoje. "O Brasil voltou a respirar. No fundo, você sabe que melhorou", diz um narrador enquanto um homem submerso, em um fundo escuro, tenta emergir.

A peça foi produzida em comemoração aos dois anos de governo do presidente Michel Temer, completados no último sábado (12).

A divulgação será feita pelas redes sociais do Palácio do Planalto e dos ministérios, e é parte de um "tuitaço" organizado para divulgar as ações do Poder Executivo. As mensagens começaram a ser publicadas no início da manhã e seguirão ao longo desta quinta-feira (17) com o uso da hashtag #Avançamos.

No vídeo em que um homem se afoga, o narrador diz que "era mais ou menos assim que o brasileiro estava em 2016. No caos, na desesperança, enfrentando a maior crise de todos os tempos. Os problemas só aumentavam e não havia saída". 

A água vai baixando até o pescoço e o ator levanta a cabeça para um respiro aliviado. "Aos poucos, com muito trabalho, as coisas foram melhorando. Saímos da recessão. A economia já dá os primeiros sinais de recuperação. Já tem mais comida na geladeira. O Brasil voltou a respirar. No fundo, você sabe que melhorou", termina o texto.

Uma outra peça foi divulgada pelo perfil do Ministério do Trabalho no Twitter, com um relógio de fundo. "Dois anos atrás o Brasil estava parado no tempo. A economia travou e a população ficou paralisada com a crise. Desemprego, desordem, desesperança, mas a gente não podia perder tempo. Fizemos as reformas, avançamos, e hoje o país já começa a sair da crise. Hora de seguir em frente", diz a peça. 

A ação de marketing ocorre dois dias depois de uma cerimônia no Palácio do Planalto ter sido realizada para comemorar os dois anos de governo. O evento foi mais discreto do que o de 2017: não foram exibidos vídeos e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliviera (MDB-CE), não compareceram.

As publicações coincidem com o dia em que se completa um ano desde que as gravações feitas pelo empresário e delator Joesley Batista, da JBS, vieram à tona. Ele gravou conversa com Temer no Palácio do Jaburu, evento que estava fora da agenda presidencial.

Durante o diálogo, o empresário conta que está fazendo um esforço para garantir o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso na Lava Jato. 

Uma das frases ditas pelo presidente —"Tem que manter isso, viu?"— foi usada pelo Ministério Público para sustentar duas denúncias contra ele pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça. Temer nega as acusações e se diz vítima de um ataque que visava enfraquecer seu governo.

O Planalto tem usado dados como a redução da inflação do patamar de 10% em 2016 para os atuais 2,98% para enfatizar uma melhora da economia, além do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que estava em queda havia dois anos e tem uma estimativa de crescimento em torno de 2,5% para este ano. 

Apesar da melhora no intervalo, indicador divulgado na quarta (16) pelo Banco Central mostrou que a economia brasileira teve queda de 0,74% em março na comparação com fevereiro, o que levou a atividade do primeiro trimestre a cair em relação aos três últimos meses do ano passado.

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