Feriado de 9 de julho celebra Revolução Constitucionalista de 1932

No estado de São Paulo, o 9 de julho é feriado desde 1997

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São Paulo

O feriado de 9 de julho marca a data de início da Revolução Constitucionalista de 1932, uma revolta protagonizada pelo estado de São Paulo que buscava a derrubada do governo de Getúlio Vargas (1930-1945) e a convocação de uma Assembleia Constituinte.

Considerados um dos pilares da República Velha, os paulistas viram sua influência diminuir sensivelmente com a Revolução de 1930. Assim que chegou ao poder, Vargas dissolveu o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais, e passou a indicar para os estados interventores com poderes sobre o Executivo e o Legislativo local.

No estado de São Paulo, o braço varguista era formado pelo PPP (Partido Popular Paulista), que reunia diversas tendências, como egressos do tenentismo, revolucionários de 30 sem partido e intelectuais comunistas.

Como contraponto, a elite política de São Paulo se reuniu na Frente Única Paulista, formada pelo Partido Democrático e o Partido Republicano Paulista. A associação exigia a nomeação de um interventor paulista civil e a convocação de uma Constituinte. A FUP também passou a fazer contato com setores militares a fim de deflagrar um movimento armado contra Vargas.

Escalada

A tensão entre varguistas e constitucionalistas era crescente em São Paulo. Na noite de 23 de maio de 1932, cerca de 300 manifestantes tentaram invadir a sede do PPP, na esquina da rua Barão de Itapetininga com a praça da República. O grupo foi repelido a bala e uma granada chegou a ser lançada contra a multidão. O lado antigetulio também contava com homens armados de fuzil e a troca de tiros foi intensa, segundo o inquérito do ocorrido.

Acabaram mortos Euclides Bueno Miragaia, 21, Mario Martins de Almeida, 31, Dráusio Marcondes de Sousa, 14, e Antonio Camargo de Andrade, 30. Os ânimos dos paulistas se acirraram e com as iniciais dos jovens mortos os revolucionários batizaram a organização paramilitar MMDC.

Em 9 de julho, a luta armada eclodiu. O general Isidoro Dias Lopes foi designado comandante geral da Revolução, cabendo a Bertoldo Klinger a chefia das Forças Revolucionárias e a Júlio Marcondes o comando da Força Pública.

Batalha

Apesar do ímpeto, a inferioridade das forças paulistas em relação às tropas federais era patente. Calcula-se que por volta de 35 mil combatentes lutaram pelos constitucionalistas enquanto o governo dispunha de cerca de 100 mil homens. Os números, entretanto, são controversos.

Além de menor contingente, os paulistas também dispunham de armamento inferior: alguns canhões e armas automáticas frente a todo equipamento à disposição do Exército e da Marinha, que já contavam com aviões de combate. Sem armas potentes, os paulistas usavam matracas para simular tiros de metralhadora.

O apoio que esperavam obter de Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais acabou não se concretizando. A capital e Campinas foram bombardeadas. O porto de Santos foi interditado e o estado acabou isolado.

Com a morte de Júlio Marcondes, em 23 de julho, o comando da Força Pública passou a ser ocupado pelo coronel Herculano Silva, que resolveu abandonar a luta. A rendição se deu no dia 1º de outubro e no dia 2 o governo revolucionário foi deposto.

No ano seguinte, foram convocadas eleições para a Assembleia Constituinte e em 1934, uma nova Constituição foi promulgada. Já o inquérito que apurou as mortes de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo não avançou e foi arquivado em 1954 por prescrição.

No estado de São Paulo, o 9 de julho é feriado desde 1997.

Cartaz do MMDC que convocava os paulistas a combater o governo de Getúlio Vargas em 1932.
Cartaz do MMDC que convocava os paulistas a combater o governo de Getúlio Vargas em 1932. - Reprodução
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