Políticos, acadêmicos e organizações brasileiras lamentaram, por meio das redes sociais, a morte do historiador Boris Fausto, ocorrida nesta terça-feira (18). O escritor morreu aos 92 anos, em São Paulo, e o velório será realizado na quarta-feira (19).
Na USP (Universidade de São Paulo), a Faculdade de Direito, onde Boris se graduou em 1953, a direção da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), onde ele obteve o título de livre-docente, e o chefe do Departamento de Ciência Política, Rafael Duarte Villa, onde o professor lecionou, divulgaram notas lamentando a morte.
"Difícil abarcar todo o contributo de Boris Fausto para a produção historiográfica brasileira: das articulações e disputas que levaram à Revolução de 1930, dos processos migratórios, do cotidiano da gente pobre paulista ou do comportamento operário. Cada um desses trabalhos é ímpar e leitura obrigatória para todas e todos que pensam o Brasil do século 20. Toda a geração que veio a seguir a Boris Fausto é dele devedora", diz a nota da FFLCH.
"Boris tinha também o dom da docência, e todos aqueles que fomos seus alunos no Departamento de Ciência Política, ficávamos fascinados com a facilidade e profundidade com que se passeava pela história política do Brasil e pela história política e social de São Paulo, sem fazer concessões a uma narrativa fácil", afirmou Duarte Villa.
A Fundação FHC, comandada por seu filho, o cientista político Sergio Fausto, também manifestou pesar pelo falecimento, lembrando o papel do pesquisador no desenvolvimento de teoria sobre a história do Brasil.
Também emitiu nota a UNE (União Nacional dos Estudantes), entidade que representa os discentes do ensino superior no país. A organização afirmou que o intelectual "deixa um profundo legado" para a historiografia brasileira.
Já a ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos), que representa os pós-graduandos brasileiros, ressaltou as obras lançadas por Boris, consideradas "fundamentais para a compreensão do país no século 20".
O Instituto Brasil-Israel reiterou a formação do professor como advogado, ressaltando que ele "nunca se sentiu completo até encontrar a história". A organização se manifestou porque o acadêmico era de origem judaica e turca.
A Companhia das Letras, editora na qual Boris Fausto lançou parte de suas obras, lamentou a morte do intelectual, solidarizando-se com seus leitores, família, fãs e amigos. A Anpuh (Associação Nacional de História) também lamentou a morte do pesquisador.
Dentre os políticos, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, afirmou que Boris Fausto foi uma das maiores referências nas ciências sociais e que "deixa um legado brilhante, marcado pela coragem moral e o rigor acadêmico".
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, destacou a presença do autor na consolidação das ciências sociais brasileiras, e diz que ele "encerra uma vida em defesa da democracia, uma produção intelectual muito rigorosa e rica, um compromisso com a História contada de uma perspectiva inovadora".
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), destacou a importância do professor na reflexão da vida política brasileira, e disse que Boris traçou sua carreira "apontando os desafios contemporâneos de uma sociedade dividida e carente de projetos nacionais".
Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do governo no Congresso, afirmou que o intelectual tinha bastante sensibilidade e marcou uma geração de historiadores. "Sua morte é luto para a grande cultura. Ele era um dos últimos expoentes de uma geração que amou o Brasil e se empenhou em servir ao país."
Ministro da Educação no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Cristovam Buarque disse que, sem Boris Fausto, "não saberíamos como o nosso país se formou".
Dentre os acadêmicos, o sociólogo Sérgio Abranches manifestou-se, ressaltando a importância do historiador como, segundo ele, um dos mais lúcidos e coerentes pensadores contemporâneos brasileiros.
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