Descrição de chapéu Eleições 2018

Luiz Marinho aposta em racha do centro para levar PT ao 2º turno

Petista tentará romper hegemonia tucana e resgatar seu partido em São Paulo

Lançado oficialmente neste sábado (28) como candidato do PT ao governo de São Paulo, Luiz Marinho terá pela frente uma dupla missão: tirar o PSDB do Palácio dos Bandeirantes após 24 anos de mandatos sucessivos e liderar a recuperação do partido no estado após a derrota acachapante na última eleição municipal.

Na esteira do impeachment de Dilma Rousseff, a sigla viu o número de suas prefeituras no país cair de 644, na eleição de 2012, para 256, na de 2016 —com vitória em apenas uma capital, Rio Branco (AC). 
Na Grande São Paulo, a agremiação perdeu as seis prefeituras conquistadas em 2012, inclusive a da capital. 

Até mesmo em São Bernardo do Campo, berço do movimento sindicalista que deu origem ao PT, onde Marinho foi prefeito de 2009 a 2016, o partido ficou de fora do segundo turno da eleição.

“Desta vez, porém, a equipe de campanha do ex-prefeito considera que o cenário é bem mais favorável a eles, uma vez que outros partidos também foram atingidos por escândalos de corrupção.

 “Acho que superamos esse momento, o quadro hoje é de crescimento. Quem deixou de votar na gente se desiludiu com os outros também. Nosso resultado será melhor”, avalia o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP), coordenador da campanha de Marinho.

Ele conta que a preferência pelo PT na capital paulista subiu de 6% para 20%, segundo pesquisas. Mas sobretudo a liderança de Lula na corrida presidencial —o líder petista chega a 30% das intenções de voto, segundo o Datafolha— alimenta as esperanças do deputado.

Vicente Cândido diz que Lula, mesmo preso em Curitiba, terá papel de peso na campanha em São Paulo. 

Em novembro do ano passado, o ex-presidente divulgou carta em que exaltava a trajetória do ex-prefeito.
“Um novo desafio se apresenta e tenho a certeza de que o Marinho é o mais preparado para esse desafio: ser o nosso pré-candidato a governador de São Paulo”, afirmou.

Assim como Lula, Marinho despontou na política no movimento sindical. Foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, de 1996 a 2002, e da CUT, de 2003 a 2005. Em seguida assumiu os ministérios do Trabalho (2205 a 2007) e da Previdência (2007 a 2008) no governo Lula. 

Deixou o governo federal para concorrer à Prefeitura de São Bernardo, onde ficou por dois mandatos.

A eleição de outubro será seu maior desafio político até o momento. As duas últimas disputas estaduais, de 2010 e 2014, foram vencidas por Geraldo Alckmin (PSDB) em primeiro turno, coroando um predomínio tucano iniciado na disputa de 1994.

Para Vicente Cândido, contudo, desta vez o cenário é diferente. O centro político, afirma, está rachado em três candidaturas —as de João Doria (PSDB), Paulo Skaf (MDB) e do governador Márcio França (PSB)—, o que abriria brecha para a esquerda.

Por ora, o PT de São Paulo só confirmou aliança com o PC do B. Para a vaga de vice, Marinho busca uma mulher com inserção em movimentos sociais, de preferência jovem e negra.

“Temos propostas ousadas em várias áreas, próximas das necessidades reais da população. Vamos nos destacar durante a campanha”, aposta Cândido.

Segundo ele, a educação, que hoje considera “caótica”, será o foco de um eventual governo Marinho. 
O programa petista fala em “revolução no ambiente escolar”, com a ampliação do ensino profissionalizante e das grades em período integral, aumento de salário de professores, reforma da estrutura dos colégios e maior integração entre esportes, atividades artísticas e as disciplinas tradicionais.

O financiamento para isso, explica o deputado, viria do aumento de arrecadação resultante de uma reforma tributária no estado, com vistas a baixar o custo da produção e do consumo, combater a sonegação e diminuir a inadimplência.

A campanha também defende a criação de banco estadual de fomento para pequenas e médias empresas. 

“Há muito gasto desnecessário. Precisamos de um choque de gestão para tornar o estado mais eficiente. Acreditamos nessas propostas para crescer e chegar ao segundo turno.”

O PT, contudo, terá alguns obstáculos na disputa. Pesquisa Datafolha de abril aponta que Marinho tem 7% das intenções de voto, atrás de Doria (29%), Skaf (20%) e empatado com França (8%).

Fora isso, pesam contra o candidato denúncias de corrupção. Marinho é réu em dois processos por supostas práticas de fraude e corrupção na licitação e construção do Museu do Trabalho e do Trabalhador em São Bernardo.

A denúncia diz que se formou um conluio com o objetivo de fraudar a concorrência promovida pela prefeitura, entre 2011 e 2012, para definir a empresa que construiria o museu. A obra, iniciada em 2012 e prevista para durar nove meses, recebeu mais de R$ 14 milhões de investimento do Ministério da Cultura, mas ainda não foi concluída.

O ex-prefeito sempre negou a ocorrência de práticas ilícitas no processo.

Em outro caso, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro afirma, em delação premiada, ter sido favorecido por Marinho em uma licitação de R$ 300 milhões, o que o petista diz ser mentira.

Um novo problema surgiu para o candidato no mês passado. A Câmara dos Vereadores de São Bernardo reprovou as contas da prefeitura de 2015, na gestão Marinho.

A Lei da Ficha Limpa determina a inelegibilidade, por oito anos, de candidatos que tiveram suas contas rejeitadas devido a alguma irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa.

A assessoria do ex-prefeito diz que a votação da Câmara foi “eminentemente política, uma manobra” e que pedirá na Justiça a nulidade do processo.

QUEM É O CANDIDATO

LUIZ MARINHO, 59 ANOS

Principais cargos: Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (1996 a 2002), presidente da CUT (2003 a 2005), ministro do Trabalho, ministro da Previdência Social, prefeito  de São Bernardo e presidente estadual do PT.

Coligações já confirmadas: PC do B

Marqueteiro: Vereador  Antonio Donato (PT_SP)

Coordenador econômico:  O deputado federal Vicente Cândido (PT-SP), coordenador-geral da campanha

Slogan: Juntos retomaremos a esperança 

Pontos fortes da candidatura: Experiência administrativa como prefeito e ministro, força no interior do estado

Pontos fracos: Baixa pontuação nas pesquisas, é réu por suspeita de corrupção na licitação e construção do Museu do Trabalho e do Trabalhador 

Frase que sempre usa: "Um gestor não pode olhar apenas para os quatro anos de seu mandato. É preciso planejar o futuro"

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