Descrição de chapéu Eleições 2018

Meirelles não pode ter vergonha de Temer, afirma Jucá

Presidente do MDB diz que pré-candidato precisa radicalizar discurso e defender legado do emedebista

Romero Jucá gesticulando durante entrevista
O senador Romero Jucá (MDB-RR), presidente nacional do MDB durante entrevista à Folha - Pedro Ladeira/Folhapress
Marina Dias
Brasília

O presidente do MDB, Romero Jucá (RR), disse que Henrique Meirelles, pré-candidato do partido ao Planalto, não pode ter vergonha de Michel Temer, e que a pauta da eleição não será o julgamento do presidente, mas sim as ações de seu governo.

 

Meirelles tem gastado parte de sua fortuna pessoal na contratação de uma equipe robusta, mas não sai do 1% nas pesquisas. Por quê?
O movimento mais difícil é o descolamento desses candidatos [que se autodenominam de centro e estão mal das pesquisas]. No momento em que ele se descolar, chamará atenção. É certeza de que vai conseguir? Não, porque o quadro é muito conturbado.

O MDB colocou um prazo para que ele saia do imobilismo? Até onde vai a candidatura Meirelles?
Temos um prazo fixado: em 31 de julho, Meirelles vai precisar ter a maioria dos votos para ser aprovado na convenção do MDB. Esse é o primeiro teste. Depois, é agregar coligações. São dois momentos até 5 de agosto [prazo para os partidos realizarem suas convenções].

Ainda há resistências no MDB a Meirelles. Como unificar o partido?
Se unificar é ter 100% dos votos, nenhum partido tem isso. Sempre vamos ter vozes dissonantes, é natural. Mas essa discordância não tem potencial muito grande.

Meirelles teme ser rifado pelo MDB, como Ulysses Guimarães em 1989. Isso vai ocorrer?
Vai depender do andamento da campanha. Não há candidatos ensejando hegemonia. Alckmin (PSDB), que podia ter isso, não consegue sair [de até 7% nas pesquisas]. A esquerda tem se dividido também, tem a incógnita de quem será o candidato do PT e até que ponto esse nome não diminui as outras candidaturas de esquerda. Do outro lado, tem Bolsonaro (PSL), que não é atrativo do pensamento de centro.

O coordenador político da campanha de Alckmin, Marconi Perillo, sinalizou que Meirelles seria um bom vice na chapa tucana. Há chance?
O MDB não cogita indicar Meirelles para vice de ninguém. O convite fica para o PSDB indicar a vice do Meirelles.

O MDB está radioativo nas conversas para alianças, pela baixa popularidade do governo. Há negociações com o PSDB ou com o bloco do DEM, PP e Solidariedade?
O governo não vai disputar a eleição. Temer será julgado no momento certo. Conversei com diversas siglas, mas o entendimento é de que todo mundo tem legitimidade para ir até o final de julho e aí a gente avalia.

O bloco formado por DEM, PP e SD hoje ensaia apoiar Ciro Gomes (PDT) ou Alckmin, bem longe de Meirelles. Preocupa?
Não quer dizer que isso vá seguir em frente. É só mais um movimento entre tantos outros.
É preferível ter Meirelles isolado e empacado com 1% a se unir a Alckmin, que tem até 7% e alguns partidos em sua órbita? Todos estão isolados. O movimento do DEM com o PP não teve nenhuma consequência.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aliado ao governo, lidera essa aproximação. Ele é incoerente?
Tentar levar o DEM para uma posição mais vantajosa é legítimo, mas não significa que os outros [partidos] vão seguir.
Havia a avaliação de que um nome de centro furaria a polarização entre direita e esquerda. Isso não aconteceu. Porque os candidatos de centro estavam parados e a polarização, acontecendo. Defendo um candidato de centro radical, que polarize com os extremos. O centro não pode disputar com receitas antigas, nem brigar entre si. A escolha não será um político que está quieto, será alguém com garra e posições claras.

Houve mal-estar no Planalto quando Meirelles disse que não era candidato do governo?
Meirelles estava sendo bombardeado com essa questão de ser candidato do governo, do presidente. Meirelles é o candidato do MDB. Temer não está na pauta, agora as ações do governo estarão. Não dá pra ter vergonha de ter trazido o crescimento e baixado a inflação.

Não dá para Meirelles ter vergonha do Temer?
Não dá para ter vergonha do Temer, porque ele trabalhou e vai ser julgado. Não estamos julgando a pessoa física de Temer, mas o resultado do governo.

Temer é o presidente mais impopular da história, com 82% de reprovação. Ele vai participar da campanha?
Não está prevista a participação dele.

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