PF indicia ex-secretário de Alckmin sob acusação de fraudes nas obras do Rodoanel

Preso desde junho, Laurence Casagrande Lourenço assinou aditivos contratuais suspeitos com a empreiteira OAS

Flávio Ferreira José Marques
São Paulo

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente da Dersa e ex-secretário estadual do governo Geraldo Alckmin (PSDB-SP) Laurence Casagrande Lourenço sob a acusação da prática do crime de fraude a licitação no projeto do trecho norte do Rodoanel de São Paulo.

O ex-diretor de Engenharia da Dersa Pedro da Silva também foi indiciado pela PF. Os dois ex-dirigentes da estatal paulista estão presos desde o dia 21 de junho no âmbito da Operação Pedra no Caminho.

Eles são acusados de envolvimento na assinatura de aditivos contratuais que supostamente favoreceram de forma fraudulenta a empreiteira OAS e teriam causado prejuízos de mais de R$ 600 milhões aos cofres estaduais.     

Outros dez suspeitos foram alvo do despacho de indiciamento realizado pela PF no dia 5 de julho, mas não estão detidos pois o prazo da prisão temporária deles expirou, e não houve conversão para prisão preventiva. 

Nesse grupo estão os ex-funcionários e atuais servidores da Dersa Pedro Paulo Dantas do Amaral Campos, Benedito Aparecido Trida, Helio Roberto Correa, Adriano Trassi, Carlos Prado Andrade e Edison Mineiro Ferreira dos Santos (todos ligados à obra do Rodoanel Mário Covas), e o ex-diretor da OAS responsável pelo projeto, Carlos Henrique Barbosa Lemos.  

A PF apresentou à Justiça o relatório do inquérito da operação na semana passada. Agora o Ministério Público Federal deve decidir até sexta-feira (27) se oferece denúncia criminal contra os investigados. A Procuradoria também pode pedir a realização de novas diligências ou requerer o arquivamento do caso. 

OUTRO LADO

O defensor de Laurence Casagrande Lourenço, Eduardo Carnelós, afirmou que o ex-presidente da Dersa não cometeu ilicitudes nos processos que levaram à assinatura dos adendos contratuais com a OAS.

"Os fundamentos da decisão de indiciamento do Laurence são absolutamente insustentáveis. Tudo internamente na Dersa foi feito a partir de avaliações técnicas, com deliberações da diretoria executiva e do conselho de administração, e precedido de autorização do Banco Interamericano de Desenvolvimento", disse o advogado.

De acordo com Carnelós, a PF parte de uma premissa falsa ao considerar que Lourenço e o ex-diretor de Engenheria da Dersa Pedro da Silva foram os únicos responsáveis pela efetivação dos aditivos.

O advogado de Pedro da Silva, Cássio Marcelo Cubero, informou que seu cliente não cometeu irregularidades e irá comprovar isso à Justiça.

​Segundo ele, Silva não recebeu dinheiro ilegal e todas as empresas que possui são regulares e estão em seu nome. "Se elas fossem ilegais, estariam em nomes de terceiros", disse.

O advogado diz que as acusações a Silva ocorreram porque houve uma "confusão patrimonial" quando o ex-diretor usou dinheiro da venda de uma fazenda para pagar débitos trabalhistas.

Para o advogado de Pedro Paulo Campos, Daniel Bialski, o indiciamento foi arbitrário e não examinou detalhadamente a situação do seu cliente, que era gestor de contratos do Rodoanel norte.

Segundo ele, Campos passsou a exercer funções na obra no final de 2015 e não pode ser responsabilizado por fatos que ocorreram antes disso. Também diz que o gerente tinha função técnica e o inquérito não aponta qualquer irregularidade que tenha contado com sua participação.

José Roberto Leal de Carvalho, defensor de Carlos Henrique Barbosa Lemos, informou que não iria se manifestar.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.