A senadora gaúcha Ana Amélia (PP), 73, disse nesta quinta-feira (2) que foi sondada pela campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) para ser vice na chapa que disputa a Presidência da República. Mesmo sem ser unanimidade em seu partido, ela afirmou que avaliará a proposta e dará uma resposta até o fim do dia.
"Tenho que dar uma resposta até hoje", disse Ana Amélia, que, até o momento, tenta a reeleição ao Senado.
Nascida em Lagoa Vermelha (RS) e jornalista durante cerca de 40 anos, ela termina em 2018 seu primeiro mandato.
A gaúcha afirmou que, além da questão de saúde --foi internada nesta semana com uma crise de hipertensão--, está analisando questões políticas no Rio Grande do Sul, onde integra a chapa do deputado Luiz Carlos Heinze (PP), que disputará o governo do estado.
"Tenho que pesar todas essas coisas. Estou muito bem colocada na eleição [ao Senado] no Rio Grande do Sul, mas também tenho que pensar o país. Não é uma questão individual nem egoísta de minha parte", afirmou a senadora.
Até o início desta semana, Ana Amélia descartava ser vice na chapa de Alckmin, mas disse que, agora, analisa a relevância do posto.
"A questão da Vice-Presidência da República é um cargo extraordinariamente relevante. Deixou de ser um cargo decorativo", afirmou ela em meio a abraços e pedidos de selfies na convenção nacional do PP, que oficializou o apoio do partido à candidatura de Alckmin.
O tucano, o presidente do DEM, ACM Neto, responsável pelas negociações, e o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, negaram qualquer sondagem.
Depois de ser rejeitado pelo empresário Josué Alencar (PR), Alckmin e seus aliados não querem sofrer o desgaste de uma nova recusa. O ex-governador de São Paulo quer chegar à convenção de seu partido, no sábado (4), já com um vice definido.
O nome de Ana Amélia não é consenso em seu partido. Embora Ciro Nogueira diga não haver veto à gaúcha, correligionários reconhecem a total falta de entrosamento entre a senadora e a cúpula do partido. Aliados de Nogueira dizem haver preocupação com uma eventual perda de poder da ala nordestina do PP.
Além da presidência da legenda com o senador do Piauí, cabe ao paraibano Aguinaldo Ribeiro a liderança do governo na Câmara, e ao alagoano Arthur Lira a liderança do PP na Casa.
Outra preocupação é que, ao levar um quadro do partido para a Vice-Presidência, Alckmin queira diminuir o espaço que o PP tem hoje na Esplanada dos Ministérios. A sigla domina atualmente as pastas de Saúde, Agricultura e Cidades, além da Caixa Econômica Federal. Integrantes da bancada do partido dizem ironicamente que Ana Amélia tem que ser tratada como cota pessoal do tucano.
Ana Amélia disse que só acetará a vaga na chapa do PSDB se puder manter sua autonomia em um eventual governo.
"Em qualquer lugar que eu estiver, se eu não for independente, se eu não pensar e agir com as minhas convicções, não serve para mim", afirmou a senadora.
Mais cedo, o DEM também oficializou seu apoio à candidatura de Geraldo Alckmin.
A votação para confirmar a aliança a Alckmin foi simbólica. Lideranças do DEM, algumas que, inclusive, apareceram na bolsa de apostas como possíveis vices, lembraram do racha interno sobre apoiar Alckmin ou Ciro Gomes (PDT-CE), que acabou isolado.
“Mesmo aqueles com posição divergente entenderam que, se atravessamos ao longo de 16 anos diversas crises, é porque jamais abdicamos da nossa coesão”, disse ACM Neto.
O presidente da Câmara, Rodriga Maia (DEM-RJ), ironizou adversários que tentaram fazer aliança com o centrão e hoje criticam o bloco formado por DEM, PP, PR, PRB e SD.
“Fico lendo mensagens que recebi de pré-candidatos e fico rindo. Todos queriam nosso apoio e agora nos criticam”, disse Maia, que foi lançado pré-candidato ao Planalto, mas não conseguiu decolar nas pesquisas de intenção de voto, desistindo da disputa.
“Este debate interno que se deu no partido foi democrático, plural e verdadeiro. A escolha retirada dessas discussões foi a melhor escolha para o Brasil”, disse o deputado Mendonça Filho (PE), que foi ministro da Educação no governo Michel Temer, nome que não foi citado no evento.
Mendonça foi um dos cogitados para a vice, assim como a líder da bancada ruralista, deputada Tereza Cristina (MS).
No entanto, partidos do centrão são contra entregar o posto ao DEM porque já há um compromisso do grupo e do PSDB em apoiar a recondução de Maia ao comando da Câmara, caso ele seja reeleito.
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