Descrição de chapéu Eleições 2018

Ana Amélia diz ter sido sondada para ser vice de Alckmin

Dirigentes do DEM dizem que parceiro de chapa do tucano deve ser definido nas próximas horas

Daniel Carvalho
Brasília

A senadora gaúcha Ana Amélia (PP), 73, disse nesta quinta-feira (2) que foi sondada pela campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) para ser vice na chapa que disputa a Presidência da República.  Mesmo sem ser unanimidade em seu partido, ela afirmou que avaliará a proposta e dará uma resposta até o fim do dia.

"Tenho que dar uma resposta até hoje", disse Ana Amélia, que, até o momento, tenta a reeleição ao Senado.

Nascida em Lagoa Vermelha (RS) e jornalista durante cerca de 40 anos, ela termina em 2018 seu primeiro mandato.
 

A gaúcha afirmou que, além da questão de saúde --foi internada nesta semana com uma crise de hipertensão--, está analisando questões políticas no Rio Grande do Sul, onde integra a chapa do deputado Luiz Carlos Heinze (PP), que disputará o governo do estado.
 

"Tenho que pesar todas essas coisas. Estou muito bem colocada na eleição [ao Senado] no Rio Grande do Sul, mas também tenho que pensar o país. Não é uma questão individual nem egoísta de minha parte", afirmou a senadora.

Até o início desta semana, Ana Amélia descartava ser vice na chapa de Alckmin, mas disse que, agora, analisa a relevância do posto.


"A questão da Vice-Presidência da República é um cargo extraordinariamente relevante. Deixou de ser um cargo decorativo", afirmou ela em meio a abraços e pedidos de selfies na convenção nacional do PP, que oficializou o apoio do partido à candidatura de Alckmin.
 

O tucano, o presidente do DEM, ACM Neto, responsável pelas negociações, e o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, negaram qualquer sondagem.
 

Depois de ser rejeitado pelo empresário Josué Alencar (PR), Alckmin e seus aliados não querem sofrer o desgaste de uma nova recusa.  O ex-governador de São Paulo quer chegar à convenção de seu partido, no sábado (4), já com um vice definido. 
 

O nome de Ana Amélia não é consenso em seu partido. Embora Ciro Nogueira diga não haver veto à gaúcha, correligionários reconhecem a total falta de entrosamento entre a senadora e a cúpula do partido. Aliados de Nogueira dizem haver preocupação com uma eventual perda de poder da ala nordestina do PP.

Além da presidência da legenda com o senador do Piauí, cabe ao paraibano Aguinaldo Ribeiro a liderança do governo na Câmara, e ao alagoano Arthur Lira a liderança do PP na Casa.
 

Outra preocupação é que, ao levar um quadro do partido para a Vice-Presidência, Alckmin queira diminuir o espaço que o PP tem hoje na Esplanada dos Ministérios. A sigla domina atualmente as pastas de Saúde, Agricultura e Cidades, além da Caixa Econômica Federal. Integrantes da bancada do partido dizem ironicamente que Ana Amélia tem que ser tratada como cota pessoal do tucano.
 

Ana Amélia disse que só acetará a vaga na chapa do PSDB se puder manter sua autonomia em um eventual governo.
 

"Em qualquer lugar que eu estiver, se eu não for independente, se eu não pensar e agir com as minhas convicções, não serve para mim", afirmou a senadora.
Mais cedo, o DEM também oficializou seu apoio à candidatura de Geraldo Alckmin.
 

A votação para confirmar a aliança a Alckmin foi simbólica. Lideranças do DEM, algumas que, inclusive, apareceram na bolsa de apostas como possíveis vices, lembraram do racha interno sobre apoiar Alckmin ou Ciro Gomes (PDT-CE), que acabou isolado.

“Mesmo aqueles com posição divergente entenderam que, se atravessamos ao longo de 16 anos diversas crises, é porque jamais abdicamos da nossa coesão”, disse ACM Neto.

O presidente da Câmara, Rodriga Maia (DEM-RJ), ironizou adversários que tentaram fazer aliança com o centrão e hoje criticam o bloco formado por DEM, PP, PR, PRB e SD.

“Fico lendo mensagens que recebi de pré-candidatos e fico rindo. Todos queriam nosso apoio e agora nos criticam”, disse Maia, que foi lançado pré-candidato ao Planalto, mas não conseguiu decolar nas pesquisas de intenção de voto, desistindo da disputa.

“Este debate interno que se deu no partido foi democrático, plural e verdadeiro. A escolha retirada dessas discussões foi a melhor escolha para o Brasil”, disse o deputado Mendonça Filho (PE), que foi ministro da Educação no governo Michel Temer, nome que não foi citado no evento.

Mendonça foi um dos cogitados para a vice, assim como a líder da bancada ruralista, deputada Tereza Cristina (MS).

No entanto, partidos do centrão são contra entregar o posto ao DEM porque já há um compromisso do grupo e do PSDB em apoiar a recondução de Maia ao comando da Câmara, caso ele seja reeleito. ​

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