Descrição de chapéu Eleições 2018

Candidato ao Senado na chapa do PSDB em Minas ignora Alckmin e apoia Bolsonaro

Dinis Pinheiro (SD) divulgou vídeo com o capitão reformado; campanha de Anastasia vê oportunismo

Carolina Linhares
Belo Horizonte

Enquanto discursava em Três Pontas (MG), nesta terça-feira (25), o candidato ao governo de Minas Antonio Anastasia (PSDB) foi interrompido por uma mulher, participante da claque de apoio a Dinis Pinheiro (SD), candidato ao Senado na chapa do tucano.

Anastasia pedia votos ao presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), e a mulher cobrou que Dinis defendesse o voto em Jair Bolsonaro (PSL). O tucano retrucou: "aprendi como professor e aluno que enquanto um fala, o outro escuta".

O constrangimento foi causado pelo apoio recíproco entre Dinis e Bolsonaro, assumido nos últimos dias. Nesta segunda (24), o candidato ao Senado divulgou um vídeo ao lado do presidenciável, gravado no início do mês, antes da facada, em que Bolsonaro pede voto em Dinis "em defesa da família, da propriedade privada e do livre mercado".

O candidato Antonio Anastasia (PSDB), que lidera a disputa pelo governo de Minas Gerais
O senador Antonio Anastasia (PSDB), que lidera a disputa pelo governo de Minas Gerais - Alexandre Rezende - 12.set.2018/Folhapress

Questionado pela Folha, Dinis afirmou que o movimento não pode ser visto como uma traição. "Sempre tive com Bolsonaro uma relação boa. E a questão de presidente nuca foi tratada pela executiva estadual do Solidariedade. O partido é compreensivo, respeita nossas ideias."

Em nota, Dinis afirmou que "o Brasil precisa de um presidente que tenha legitimidade e apoio popular, que consiga entregar à população as reformas que se fazem necessárias". 

Ele disse ainda que Bolsonaro tem mobilizado milhões de frustrados com a classe política por se apresentar como alguém capaz de "romper com as práticas de um sistema em falência". "A política é a arte de fazer das divergências, convergência", conclui.

A campanha de Anastasia não comenta o apoio entre Dinis e Bolsonaro. Coordenadores apontam o ato como deslealdade e oportunismo, e apostam que o eleitor notará isso.

A coligação vetou que o vídeo com Bolsonaro fosse exibido na TV, mas, no campo pessoal, a avaliação é que não há como impedir que cada candidato faça sua escolha. Não foram discutidas eventuais punições a Dinis.

No último dia 13, o deputado Marcelo Álvaro Antonio (PSL), aliado de Bolsonaro, já havia divulgado o apoio a Dinis. No mesmo dia, o candidato ao Senado participou de eventos ao lado de Anastasia e da vice de Alckmin, Ana Amélia (PP), no interior. 

No sábado (22), uma carreata de Bolsonaro terminava com carros de som com bandeiras de Dinis, afirmando que os dois estão juntos no combate à corrupção.

A última vez que Anastasia apareceu em publicações de Dinis no Facebook foi no dia 11 de setembro. Depois de externado o apoio a Bolsonaro, Dinis esteve em agendas do tucano em BH, no Triângulo e no Sul, nos dias 17, 22, 24 e 25, esta terça. 

O candidato ao Senado, porém evitou os compromissos com Alckmin em Minas. O tucano esteve no estado nos dias 12, 19 e 24. Na segunda, Dinis chegou a cumprir a agenda com Anastasia, mas faltou somente ao último evento, em Guaxupé (MG), que também teria a presença de Alckmin. 

Pesquisa Datafolha em Minas, divulgada no dia 20, indica o voto "Bolsosia", embora Anastasia sempre peça votos a Alckmin em seus discursos. 

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