Descrição de chapéu Eleições 2018

Candidatos pedem votos em defesa dos animais

Transporte de bois vivos em barcos e proibição de zoológicos estão entre propostas

A candidata a deputada estadual pelo PSD Carol dos Animais
A candidata a deputada estadual pelo PSD Carol dos Animais - Reprodução
Gustavo Fioratti
São Paulo

​"Aqueles que não votam”, em definição usada por um candidato em propaganda, não foram esquecidos nas eleições deste ano. O horário eleitoral mostra que a defesa de animais pode sensibilizar parte do eleitorado.

Pelo menos quatro candidatos a deputado estadual em São Paulo — Feliciano Filho (PRP), Angela Protetora (MDB), Márcia Nunes e Carol dos Animais (ambas do PSD) —levantaram essa bandeira. Danilo Manha (PRP), candidato à Câmara dos Deputados, também defende a causa. 

Veterano entre os parlamentares que defendem cachorros, bois e gatos, Feliciano Filho tenta vaga para seu quarto mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo e também tem atuado no horário eleitoral para impulsionar a candidatura de Manha. 

“Por maior punição para quem maltrata animais, precisamos de Danilo Manha em Brasília”, anunciou em propaganda do afilhado político na terça-feira (4). No vídeo, atrás dos dois candidatos, aparece Manha correndo à beira de uma estrada com um cachorro no colo. Segundo ele, o cão foi resgatado na rodovia Fernão Dias. 

Manha cita como proposta para o país a reprodução na esfera federal de uma lei estadual criada por Feliciano contra a “matança indiscriminada” de cachorros pela carrocinha, da qual se excluem os casos de eutanásia, quando a morte já é dada por certa e há sofrimento do animal. 

Economista e vegetariano, Feliciano, em seu perfil no site da Assembleia Legislativa, diz ser “o único deputado 100% dedicado à causa”. Das leis criadas por ele, a 15.316, de 2014, proibiu no estado o uso de animais em testes na produção de cosméticos, perfumes e produtos de higiene pessoal. 

Hoje ele se dedica a um projeto de lei que quer proibir embarque em transportes fluvial e marítimo, para fins de abate, de animais vivos, sob o argumento de que esses animais sofrem maus-tratos. 

Na internet circulam vídeos sobre o tema, denunciando que durante as viagens os animais ficam confinados em espaços inadequados, pequenos e sujos. Manha cita esses vídeos e diz que a intenção é levar a mesma proposta para Brasília. Há confronto direto com pecuaristas, especialmente aqueles que exportam carne. 

Mas não só: representações similares na Câmara dos Deputados sofreram derrota significativa em 2016. O STF havia considerado inconstitucional uma lei que regulamentava a prática da vaquejada no Ceará, e a resposta foi a criação de uma lei que tornou a prática patrimônio imaterial, sem nenhum veto do presidente Michel Temer.

Carol Stein ou Carol dos Animais, em redes sociais, vai além e diz que é contrária inclusive à atividade dos zoológicos e outros usos de animais no entretenimento. Recentemente, ela publicou nas redes a imagem de um primata atrás das grades onde se lê: “os zoológicos são o único lugar onde todos os presos são inocentes”. 

O PSD, partido dela, tem forte representação na bancada ruralista. “Minha intenção não é militar pelo partido, e até agora me deram liberdade total, não sofri nenhum tipo de retaliação às minhas ideias”, disse Stein à Folha.

O governador Márcio França, candidato ao governo pelo PSB, pegou carona na sensibilidade alheia e apareceu no horário eleitoral afagando um Fox Terrier, ao lado de familiares. 

Entre os presidenciáveis, Marina Silva e Ciro Gomes citam projetos dedicados ao tema em seus planos de governo. O programa de Ciro fala da “criação de política de proteção aos animais”. O de Marina fala em bem-estar dos animais e menciona a celebração dos 40 anos da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, levados por ativistas à Unesco em 1978.

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