Descrição de chapéu Eleições 2018

Na TV e em jingle, PT fez troca gradual de Lula por Haddad no horário eleitoral

Partido oficializou ex-vice como cabeça de chapa da candidatura petista

Imagem da campanha do PT no horário eleitoral gratuito no dia 1º de setembro
Imagem da campanha do PT no horário eleitoral gratuito no dia 1º de setembro - Reprodução
Gustavo Fioratti
São Paulo

Antes de ser anunciado como candidato à presidência do Partido dos Trabalhadores, o que ocorreu nesta terça (11), Fernando Haddad já vinha consolidando seu protagonismo na campanha do partido para o horário eleitoral obrigatório na TV —ainda que sob o título de vice.

A utilização de imagens suas foi tímida no sábado (dia 1º), o primeiro dia da campanha para a presidência. A data coincidiu com aquela em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base na Lei da Ficha Limpa, barrou a candidatura de Lula. Nesse dia, a Justiça também deu dez dias para que o PT apresentasse novo candidato.

Como a decisão da corte foi emitida na madrugada, não houve tempo de trocar o filme, disseram os advogados do PT, e o ex-presidente acabou ocupando papel central na composição audiovisual que citava a bandeira “Lula Livre” e avaliava como perseguição política sua condição de presidiário.

Também nesta estreia, não ficou cravado em nenhum momento que Lula era candidato a presidente e Haddad a vice. Mas o jingle dizia: “É Lula, é Haddad, é o povo, é o Brasil feliz de novo”.

Mudança discreta: na terça (4), foi subtraído da letra o primeiro verbo e ficou: “Lula é Haddad, é o povo”, uma construção que torna mais precisa a ideia de que Lula apenas apoia Haddad.

Imagem exibida no programa eleitoral do PT no dia 6/9
Imagem exibida no programa eleitoral do PT no dia 6 de setembro mostra Lula apoiando candidatura de Haddad a vice - Reprodução

Não foi a primeira vez que o jingle, lançado em junho pelo PT, mudou de forma. “Chama que o homem dá jeito”, que chegou a ser usada na sexta, dia 31, com a estreia do espaço televisivo dedicado às campanhas estaduais, virou “Chama que o 13 dá jeito”.

A canção, desde seu lançamento, passou por pelo menos três reformulações. Também o trecho que diz “Olha Lula lá” foi trocado por “Olha ela lá”, referência à estrela do PT.

As mudanças entre o primeiro e o segundo programa eleitoral do PT seguiram decisão judicial. No domingo (2), o Partido Novo acionou o TSE para pedir a retirada das campanhas do partido por entender que sugeria-se ali que Lula era candidato. A corte acatou e proibiu a reexibição.

Com a decisão, limitou-se também o tempo de participação de Lula no horário eleitoral. Como apoiador, ele poderia aparecer apenas em 25% do tempo total dedicado à coligação.

Na terça (4) e na quinta (6), Haddad já estava abrindo o tempo de televisão concedido ao PT com um discurso que durava 1 minuto e 45 segundos. “Sou Fernando Haddad, candidato a vice-presidente”, dizia, antes de reafirmar a estratégia de apontar a prisão de Lula como uma ação política. 

Para defender a tese, a campanha desde o início usou determinação da comissão de direitos humanos da ONU para que a Justiça garantisse os direitos de Lula de ser candidato. A leitura do TSE, porém, foi de que não existe obrigação de cumprimento do que está na documentação, o que é confrontado pelos advogados de Lula. 

Imagem da campanha eleitoral do PT em 11/9
Imagem da campanha eleitoral do PT na tarde desta terça, dia 11, não crava Haddad como vice - Reprodução

A participação de Haddad foi ganhando corpo, mas até sábado (8) cravou-se, na campanha, por escrito ou nas falas do ex-prefeito de São Paulo, que ele era candidato a vice.

Ainda neste sábado, o protagonismo de Haddad nas campanhas de TV ganhou imagens de suas viagens pelo nordeste e de sua presença em atos de campanha: “Tenho andado por todo o país e cruzado com muitas histórias, é grande a saudade que as pessoas sentem do tempo de Lula”, disse ele no vídeo. “Foi Lula quem me deu a missão de rodar o país e conversar com as pessoas”, prosseguiu.

No primeiro horário de propaganda desta terça (11), Haddad voltou a assumir papel central na campanha porém omitindo o cargo ao qual é candidato.

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