Temer e candidatos ao Planalto condenam ataque a Bolsonaro

Presidente disse que episódio é 'lamentável para democracia'; opositores falam em 'barbárie' e 'absurdo'

São Paulo

Os adversários do candidato Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência condenaram o ataque contra o deputado federal durante um ato de campanha em Minas Gerais. Bolsonaro foi esfaqueado no abdômen. 

O presidente Michel Temer (MDB) também se pronunciou, dizendo que o ataque é “lamentável para a democracia”. Segundo ele, o país não pode admitir gestos de intolerância política.

O candidato Jair Bolsonaro (PSL), no momento do ataque, durante evento de campanha em Juiz de Fora (Minas Gerais)
O candidato Jair Bolsonaro (PSL), no momento do ataque, durante evento de campanha em Juiz de Fora (Minas Gerais) - Reprodução

“É lamentável para nossa democracia. Que sirva de exemplo. Se Deus quiser, o candidato Jair Bolsonaro passará bem e não ocorrerá algo mais grave”, disse Temer. Em discurso, durante evento no Palácio do Planalto, o presidente disse que já enviou manifestação de solidariedade ao candidato e que não haverá estado pleno de direito no país com manifestações de intolerância.

“Isso revela algo que devemos nos conscientizar. É intolerável a intolerância que tem havido na sociedade brasileira. É intolerável que falseiem dados na campanha eleitoral”, afirmou.

Entre os presidenciáveis, o candidato do PDT, Ciro Gomes, classificou o ataque como “barbárie” e disse exigir “que as autoridades identifiquem e punam o ou os responsáveis”.
 
“Repudio a violência como linguagem politica, solidarizo-me com meu opositor e exijo que as autoridades identifiquem e punam o ou os responsáveis por esta barbárie”, disse, em nota, de Caruaru.

A candidata da Rede, Marina Silva, disse que a violência contra Bolsonaro “é inadmissível” e “configura um duplo atentado: contra sua integridade física e contra a democracia”. 

“Neste momento difícil que atravessa o Brasil, é preciso zelar com rigor pela defesa da vida humana e pela defesa da vida democrática e institucional do nosso país. Este atentado deve ser investigado e punido com todo rigor. A sociedade deve refutar energicamente qualquer uso da violência como manifestação política”, afirmou Marina.

Geraldo Alckmin, candidato do PSDB, disse que “qualquer ato de violência é deplorável” e que a punição ao ataque contra Bolsonaro deve ser “exemplar”. 

“Política se faz com diálogo e convencimento, jamais com ódio. Qualquer ato de violência é deplorável. Esperamos que a investigação sobre o ataque ao deputado Jair Bolsonaro seja rápida, e a punição, exemplar”, afirmou Alckmin em rede social.

Candidato a vice na chapa do PT ao Planalto, Fernando Haddad classificou como “absurdo” e “lastimável” o ataque contra Bolsonaro.

“Nós, democratas, temos que garantir o processo tranquilo e pacífico e reforçar o papel das instituições”, declarou Haddad, ao ser informado sobre o episódio, durante entrevista ao canal MyNews. 

Depois, no Twitter, disse repudiar totalmente “qualquer ato de violência” e desejou “pronto restabelecimento a Jair Bolsonaro”.

O candidato do Podemos, Álvaro Dias, disse “repudiar todo e qualquer ato de violência”. “Por isso a violência nunca deve ser estimulada. Eu não estimulo”, afirmou.

João Amoêdo, candidato do Novo, disse que “independentemente de divergências políticas, não é possível aceitar nenhum ato de violência”. 

“É lamentável e inaceitável o que aconteceu há pouco com o candidato Jair Bolsonaro”, afirmou Amoêdo. “O Brasil lutou muito para voltar à democracia e a ter eleições limpas e livres. A violência não pode colocar essas conquistas em risco. Que o agressor sofra as devidas punições. Meus votos de melhoras para o candidato.”

Em rede social, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, disse que a “violência não se justifica” e “não pode tomar o lugar do debate político”. “Repudiamos toda e qualquer ação de ódio e cobramos investigação sobre o fato”, declarou.

O suspeito de ter esfaqueado Bolsonaro, Adelio Bispo de Oliveira, 40, foi filiado ao PSOL de Uberaba (MG) de 2007 a 2014, segundo relação de filiados políticos do Tribunal Superior Eleitoral. 

À Folha, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, afirmou que o partido não deve responder pelo ex-filiado. "Queremos que ele seja julgado no rigor da lei. Parece que é uma pessoa bem confusa. Se fosse ligado ao PSOL, seria minha responsabilidade. Como não é filiado, não acho que seja da nossa alçada", disse.

O candidato do MDB, Henrique Meirelles, disse em nota lamentar “todo e qualquer tipo de violência” e desejou o “pronto restabelecimento” de Bolsonaro. “O Brasil precisa encontrar o equilíbrio e o caminho da paz. Temos que ter serenidade para apaziguar a divisão entre os brasileiros”, afirmou.

A candidata do PSTU, Vera Lúcia, disse ser “inaceitável esse tipo de coisa em meio à disputa eleitoral” e que deve ser totalmente repudiada a agressão a Bolsonaro.

Ela, no entanto, afirmou que o PSTU acredita “que a pregação do próprio Bolsonaro a favor de resolver tudo à bala, de ‘fuzilamento dos petralhas’, entre outras mensagens de ódio, acaba por estimular este tipo de atitude da qual ele agora é vitima, embora não a justifique”. 

O candidato do PPL, João Goulart Filho, disse que quem “já sentiu na carne a crueldade da violência não pode compactuar com tais atos”. “Repudiamos todo ato de violência contra qualquer ser humano”, afirmou. “Esperamos uma apuração célere e punição exemplar dos responsáveis.”

O presidenciável Cabo Daciolo (Patriota) manifestou seu repúdio ao atentado contra Bolsonaro e disse que vai orar por sua saúde. “Repudiamos com o mais absoluto vigor o ato de violência, desferido por meio de uma facada, que sofreu agora há pouco o candidato Jair Bolsonaro. A nossa guerra não é contra homens, mas contra principados e potestades. Vamos ficar todos em oração!”

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou as redes sociais para lamentar o ataque ao candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL).

“Há tempos menciono e critico o ódio que se difunde na sociedade. A facada em Bolsonaro fere a democracia. É inaceitável humana e politicamente”, escreveu.

A assessoria da ministra Cármen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou em nota que ela manifestou enorme preocupação com “a garantia das liberdades dos candidatos e dos eleitores, qualquer que seja a posição ou ideologia adotada”.

“Há que se apurar com celeridade, segurança e com apresentação de resultados o que efetivamente se passou, o responsável e qual a medida jurídica a ser imediatamente adotada”, diz o texto.

CANDIDATOS AO GOVERNO PAULISTA

O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), candidato à reeleição, disse condenar a violência praticada contra Bolsonaro. “Condeno a violência praticada contra o candidato Jair Bolsonaro, um atentado contra a democracia, um sistema político baseado no debate de ideias pelas palavras e pelo voto, jamais pelas armas ou pela intolerância”.
 
O candidato ao governo paulista pelo PSDB, João Doria, classificou o atentado a Bolsonaro como “ato de covardia”.

“Transmito a minha solidariedade ao deputado Jair Bolsonaro e aos seus familiares. Eleição não se faz com agressão. A covardia de um ato que agride um candidato deve ser condenada com veemência”, disse Doria em nota.

O candidato ao governo de São Paulo pelo MDB, Paulo Skaf afirmou em nota que o ataque a facada contra Bolsonaro é “contra todos os brasileiros que acreditam na democracia, no direito de expressão e em eleições livres”.

“Opiniões divergentes jamais podem ser justificativa para atos de violência. O Brasil inteiro perde com isso. Me solidarizo com o candidato e com sua família. Das autoridades competentes, espero apuração rápida e punição exemplar ao culpado. Agora, todo brasileiro responsável tem a obrigação de evitar que esse crime seja usado como justificativa para outras violências.”

Luiz Marinho, candidato do PT ao governo estadual, disse ser “inaceitável qualquer ato de violência contra quem quer que seja”. ‘Nada justifica o que foi feito contra o candidato do PSL. Repudio totalmente.”

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o ataque foi “lamentável e repugnante”.

“Independente de divergências políticas, a sociedade não deve tolerar atitudes dessa natureza, que atentam contra a nossa democracia. Que o caso seja esclarecido e punido o mais rápido possível.”

A ex-presidente e candidata ao Senado por Minas Gerais, Dilma Rousseff, disse ser “lamentável” o ataque, mas que “o ódio, quando você planta, você colhe tempestade”.

“Incentivar o ódio cria esse tipo de atitude. Você não pode falar que vai matar ninguém, não pode falar isso”, disse. 

Na segunda (3), seu partido acionou o STF (Supremo Tribunal Federal) contra Bolsonaro, argumentando que houve injúria eleitoral e incitação ao crime após um vídeo em que o candidato defende “fuzilar a petralhada”.

“Agora, quem fez isso não pode ficar impune”, disse Dilma após visitar o ex-presidente Lula, preso em Curitiba. “Tem que servir de exemplo pra que ninguém faça isso com um candidato.” 

O deputado federal pelo PSOL Jean Wyllys disse repudiar o atentado “da mesma maneira que sempre repudiei todas as formas de incitação ao ódio e à violência política que o próprio Bolsonaro faz”.

Ele afirmou receber todos os dias “insultos, ameaças de morte e ataques dos seguidores desse homem”. “Tenho alertado insistentemente sobre o perigo dessa escalada de ódio”, disse, em nota.
 

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.