2º turno confirmou tendência das pesquisas

Resultado das urnas coincidiu com indicado por Datafolha e Ibope, que Bolsonaro acusou de manipulação na campanha

Ricardo Balthazar
São Paulo

O resultado do segundo turno da disputa presidencial indica que os dois maiores institutos de pesquisa do país captaram com precisão a evolução das preferências de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) durante a campanha eleitoral.

Levantamentos do Datafolha e do Ibope apontaram o capitão reformado do Exército como favorito desde o fim do primeiro turno e mostraram como a diferença entre ele e seu adversário se estreitou até a hora da votação.

Bolsonaro e seus seguidores criticaram os institutos com frequência nos últimos dias, sugerindo que estariam manipulando os números das pesquisas para subestimar o seu apoio, favorecer o PT e abrir caminho para justificar uma fraude no processo eleitoral.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), durante entrevista à Record TV
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), durante entrevista à Record TV - Reprodução/Record TV

Mas o resultado do segundo turno coincidiu com o retrato apresentado pelos dois institutos antes da votação, demonstrando que estavam apontando na direção correta.

Pesquisa concluída pelo Datafolha na véspera da eleição indicou que Bolsonaro tinha 55% das intenções de voto e Haddad, 45%. No domingo (28), o capitão foi eleito com 55% dos votos válidos, sem contar votos em branco e nulos, e o petista conseguiu 45%.

As últimas pesquisas do Ibope apontaram a mesma coisa, apesar de oscilações dentro da margem de erro dos institutos, de dois pontos percentuais. Pesquisa de boca de urna realizada no domingo indicou que Bolsonaro teria 56% dos votos válidos e Haddad, 44%.

"O objetivo das pesquisas é contar a história da eleição, e não fazer previsões", afirma o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino. "Há mais de um ano percebemos que Bolsonaro estava crescendo com uma onda conservadora que se formava no eleitorado."

Houve diferenças entre as pesquisas e os resultados em alguns estados. Em São Paulo, na véspera da eleição, o Datafolha apontou Márcio França (PSB) numericamente à frente de João Doria (PSDB), que acabou vencendo a disputa.

Mas as pesquisas indicaram que eles estavam empatados dentro da margem de erro, e o resultado final confirmou que a competição entre eles foi mesmo bastante acirrada. Doria venceu com vantagem de 4 pontos percentuais.

No Rio, os institutos apontaram uma redução da vantagem de Wilson Witzel (PSC) sobre Eduardo Paes (DEM) durante a campanha, mas as urnas mostraram que ele foi eleito com uma diferença muito maior do que a indicada pelas pesquisas —o dobro, no caso da boca de urna do Ibope.

"Estamos fazendo estudos para entender o que deu errado", diz a diretora do Ibope, Márcia Cavallari. Com a mesma metodologia, o instituto detectou a ascensão de Witzel na reta final do primeiro turno. No domingo, a pesquisa de boca de urna antecipou com exatidão o resultado da disputa presidencial no estado.

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