Descrição de chapéu Eleições 2018

Animal doméstico deve ser tratado com verba do Ministério da Saúde, diz Tripoli

Candidato ao Senado também diz ser contra o aborto e ter dúvidas sobre legalização das drogas

Artur Rodrigues

Militante da causa animal, o deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB), 66, costuma estampar seus santinhos de campanha com a foto de um cachorro. Candidato ao Senado, ele defende uso de verba do Ministério da Saúde para campanhas relacionadas a animais domésticos.

No meio ambiente, ele diz que fazer um profundo processo de regularização fundiária e a regulamentação do Código Florestal são questões urgentes. 

Leia abaixo trechos da entrevista:

 

O senhor tem atuação bastante identifica com temas ambientais. No Senado, qual é a prioridade nesta área?

A primeira delas se chama regularização fundiária. Para definir o que são áreas devolutas, áreas indígenas e o que é propriedade privada. É uma coisa importante, porque, com a regularização fundiária, a questão ambiental fica mais fácil de lidar. Outra questão é o Código Florestal, que infelizmente não teve aplicabilidade. A regulamentação não saiu até agora. Seria importante a regulamentação. O terceiro aspecto, que me chama muita atenção, é a proteção animal –animais domésticos, hoje há um apego muito forte, os silvestres me preocupa muito por conta da questão do contrabando.

No caso dos animais domésticos, qual seria a atuação do Senador?

Pode fazer várias coisas, inclusive fazer um projeto de lei para que o Ministério da Saúde entenda a questão animal como de saúde pública. É uma hipocrisia não entender que, no momento que você tem a campanha de raiva, a vacina antirrábica é fornecida pelo Ministério da Saúde. Na hora que você vai fazer um trabalho em relação aos animais abandonados, uma campanha de castração, eles entendem que isso não é recurso [da saúde]. Se eu fizer uma emenda para proteção animal, ela não sai no Ministério da Saúde, porque não tem uma rúbrica que entenda que essa também é uma questão de saúde pública.

Como ter atuar em relação ao meio ambiente, com o fortalecimento da bancada ruralista?

Hoje eles já começam a entender. Quando fizemos o Código Florestal, falamos em plantar mata ciliar. Eles não queriam plantar mata ciliar na beira dos rios. Começou ter assoreamento, faltar água e eles por conta própria começaram a correr para plantar mata ciliar para evitar que faltasse água. Quando você fala dos biomas brasileiros, por exemplo, qual é o grande problema de devastar as florestas? É não ter chuva, umidade e plantação em volta. Eles precisam entender isso.

O líder nas pesquisas para presidente, Jair Bolsonaro, fala em liberar garimpo e venda de terra indígena. Como o senhor vê essas propostas?

Isso pode ter um apelo eleitoral, mas na prática não sei se funciona. Se você fizer regularização funcionária que eu disse, eu acho bom. Aí você identifica cada qual onde vai poder atuar. O Brasil precisa, nesse aspecto, ser passado à limpo. Acho muita bravata de campanha.

Trípoli (PSDB) durante debate na Folha com candidatos ao Senado
Trípoli (PSDB) durante debate na Folha com candidatos ao Senado - Eduardo Anizelli/Folhapress

O que o senhor pensa sobre o teto de gastos?

O estado não pode gastar mais do que arrecada. Como você pode num país como o nosso, numa condição de dificuldades, manter 150 empresas públicas. Quase 100 delas não tem nenhuma eficácia. Você imagina que há pouco tempo atrás a Petrobras tinha uma empresa para vender botijão de gás. Você acha que a Petrobras é uma empresa para vender botijão de gás? Não tem sentido. É uma empresa de prospecção de petróleo. Por que isso? Porque lá tinham diretor financeiro, disso, daquilo, tudo cabine de emprego. Se tem 50 empresas que são fundamentais, tudo bem.

O senhor inclui a Petrobras entre as passíveis de privatização?

Tem que pegar ministério por ministério, empresa pública por empresa pública, perguntar: o que que você faz? Quanto você ganha e quanto você gasta. Qual é a eficiência do seu trabalho? Acho que o ideal é rever o estado em todos os aspectos. Não pode mais sobrecarregar o cidadão, ninguém aguenta mais pagar imposto. E mais, quando você abaixa a carga tributária, aumenta a arrecadação.

Qual é a reforma mais urgente?

A representatividade, a política, tem 35 partidos no Brasil. Você não tem 35 ideologias. E partidos financiados com dinheiro público. Virou um negócio montar partido hoje em dia. Você com nove, dez partidos hoje em dia, está com muito boa representação. A tributária e a previdenciária. Tem que fazer as três reformas, não tem como. E quando você elege um presidente ele está na condição de mandar essas matérias para o Congresso porque ele está em cima dos 50 milhões de votos que teve na eleição. Aí o Congresso, no primeiro ano, não avilta nenhum presidente.

Qual é a posição do senhor sobre temas como aborto e legalização das drogas?

Eu tenho dúvida sobre as drogas, porque não sei se pode resolver alguma coisa. Aborto, a pergunta que eu faço para quem me pergunta, é se a pessoa gostaria de ter sido abortada. Eu não gostaria. Outro dia vi um depoimento do Cristiano Ronaldo, que a mãe dele ficou em dúvida se abortaria ele ou não. Não acho uma boa não. Tem anticonceptivo, tem mil maneiras de tomar um certo cuidado antes de engravidar alguém ou ser engravidado.

Tem um movimento grande em vários países pressionando pela legalização do aborto.

Sim, mas pera um pouco. Ninguém obrigou ela a ter relação com ninguém. Se for na marra, a própria lei determina que pode fazer. Aí eu concordo com a lei.

Consolidando PT e Bolsonaro no segundo turno, como ficaria a posição do PSDB?

Eu acho que ótima. Precisa ver quem vai com a gente para o segundo turno.

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